A história do Serena começa em 2001 quando o Maurício Ribeiro, idealizador e atual dono do projeto adquiriu um terreno em Nova Pádua, RS. Creio que a história de quase todo produtor começa dessa maneira, comprando terreno com muito coragem e um sonho de fazer vinho.
Sua formação em Engenharia Agronômica e a tradição em agricultura biodinâmica herdada do lado materno, de origem alemã foram sem dúvida fatores importantes para viabilização do projeto que é dedicado exclusivamente a uva Pinot Noir nos tintos, acreditando que esta é a casta com o potencial de expressar as condições únicas do seu terreno gaúcho.
Recentente a Casa Vivá, extraordinário bar de vinhos naturais de Porto Alegre organizou uma degustação vertical histórica de Serena que envolveu 10 safras e uma verdadeira aula do meu do Maurício Ribeiro, que estava presente para nos contar um pouco sobre os desafios e curiosidades de cada safra.
Dentre todos os vinhos, na minha opinião os vinhos de destaque mais evoluídos foram o da safra 2012 que apresentava uma ponderação de acidez, estrutura, corpo e fruta delicadamente equilibrada um final longo, e o da safra 2013, que possuia o nariz mais exuberante, alegre e edificante. Me parecia uma versão mais musculosa, crocante e imponente que seu irmão da safra anterior.
Nos vinhos mais jovens, os dois vinhos de destaque foram o 2021 apresentando um bouquet floral com rosa silvestre, pitanga e uma nota vegetal com elegância e frescor. Boa safra para investir visando o futuro. Além do último lançamento na safra 2022, que, apesar de bastante jovem me parece harmonioso, bem feito e vivo na medida certa com fruta presente e fresca.
A parte mais enriquecedora da experiência, foi, sem dúvida, perceber que ano após ano, o produtor desenvolveu técnicas para aprimorar o seu produto final. Muitos esquecem que vinho é uma atividade anual. A natureza cobra seu preço. Em caso de erro, condições climáticas adversas ou fatalidades prática, resta ao produtor somente aprender o máximo possível para fazer melhor no ano seguinte. Não tem mágica e o nome não é safra a toa.
Curiosamente, Maurício, que tenho a honra de ser amigo pessoal, sempre menciona o bom senso como parte de sua filosofia de viticultura. Segundo ele, o resultado são frutos, que o permite traduzir no vinho a expressão do terreno e a sua intenção de perpetuidade. Afinal, como outros já disseram, quando ele se for, seus vinhos contarão sua história.