
Um assessor de investimentos, Frederico Goz Biagi, de 53 anos, foi preso na quinta-feira (4), suspeito de desviar recursos de investidores e causar prejuízo de aproximadamente R$ 11 milhões. Na ação, deflagrada pela PF (Polícia Federal), foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva nas cidades de Ribeirão Preto (SP), São Paulo e Rio de Janeiro.
Informações da PF apontaram que Biagi recebia recursos dos investidores ao prometer altos rendimentos e supostas aplicações em operações financeiras. Contudo, o suspeito usava o dinheiro em benefício próprio, realizando operações de day trade — compra e venda de ativos em um curto espaço de tempo — que resultaram na perda dos valores investidos.
“Uma espécie de lorde inglês, sempre muito educado e habilidoso”, descreveu ao Cidadeon uma das vítimas, que preferiu não se identificar.
As informações apontam que o assessor possuía uma postura carismática e um jeito convincente, o que o ajudava a ganhar confiança enquanto se apresentava como especialista em operações de Mini-Dólar na B3.
Os aportes de capital, inicialmente feitos em nome pessoal do investigado, passaram a ser movimentados posteriormente por uma companhia criada com as vítimas — momento em que os desvios teriam se intensificado.
Além dos desvios, foram identificadas informações falsas apresentadas às vítimas para simular rendimentos, que posteriormente eram utilizadas em declarações tributárias, de acordo com o apurado pela CNN.
Assessor persuadia mulheres
“Ele se apresentava como trader especialista e uma vez nos convidou para colocar dinheiro lá. Isso começou entre as pessoas físicas e, como o negócio foi ganhando proporção, foi aberta uma empresa em maio de 2023. Para deixar tudo certinho, nós abrimos uma empresa de investimento com capital próprio”, acrescentou a vítima.
A maior parte das vítimas era composta por mulheres com alto poder econômico em Ribeirão Preto. O assessor financeiro chegava a manter relacionamentos com algumas delas para conquistar confiança e obter acesso ao dinheiro. A ideia dele, diz a PF, era fazer com que as vítimas baixassem a guarda, acreditassem em Frederico e investissem altos valores com a ajuda dele. Pelo menos dez vítimas já prestaram depoimento.
Como o esquema funcionava
A PF apontou que, como assessor financeiro, entre 2020 e 2023, ele oferecia investimentos com retornos altos e seguros, prometendo rendimentos a longo prazo. Na sequência, em 2023, abriu uma empresa própria, ampliando o alcance do esquema — sem o conhecimento dos sócios.
De acordo com a investigação, Biagi não aplicava o dinheiro conforme prometido. Usava os valores para benefício próprio, principalmente em operações de day trade, rápidas e arriscadas, que consumiram o patrimônio das vítimas.
Para evitar que as mulheres desconfiassem, a PF afirma que ele fraudava documentos, adulterava dados de rentabilidade e inseria informações falsas no sistema. Isso dificultava o acesso a extratos reais e criava a ilusão de que tudo estava sob controle. Somando os desvios, o prejuízo identificado ultrapassa R$ 11 milhões.