
A TV Globo é referência no mercado brasileiro de novelas, tendo em seu catálogo produções que marcaram gerações. Nos últimos anos, a emissora tem apostado fortemente na estratégia de investir em remakes de clássicos das décadas de 1980 e 1990, aproveitando o apelo da nostalgia para engajar públicos antigos e novos.
A primeira grande aposta pós-pandemia foi o remake de Pantanal, exibido em 2022. A novela não só resgatou um clássico da teledramaturgia brasileira como também se tornou a produção mais rentável da história recente da Globo, atingindo diariamente 35,8 milhões de pessoas e acumulando um alcance de R$ 180 milhões em faturamento. O sucesso comercial da novela foi impulsionado por um forte marketing, presença marcante nas redes sociais e consumo recorde na plataforma Globoplay.
No entanto, o reinado de Pantanal durou pouco. Na última semana, o remake da novela Vale Tudo superou o faturamento da produção e assumiu o posto de novela mais lucrativa da história da Globo, com um total estimado de R$ 200 milhões até o momento.
Frutos do passado
O sucesso dos remakes vai além da nostalgia. Essas novelas atualizam tramas clássicas com linguagem visual moderna, distribuição multiplataforma (TV aberta e streaming), e um planejamento comercial robusto, que inclui grandes carteiras de patrocinadores.
Por exemplo, Renascer (2024), outro remake recente, em audiência digital no Globoplay superou em 70% a de outras novelas da faixa, graças a parcerias com marcas fortes como Itaú, Ambev e Coca-Cola.
Impacto cultural e comercial
Além do aspecto financeiro, os remakes têm grande impacto cultural, revitalizando histórias que fazem parte da memória afetiva do público brasileiro. A Globo também se beneficia da exportação desses títulos para mercados internacionais, ampliando o alcance e as receitas. Novelas como Mulheres de Areia (1993), vendida para mais de 25 países, e Anjo Mau (1997), exportada para cerca de 30 mercados, mostram a força do produto brasileiro no exterior.
Outro ponto importante é a utilização da nostalgia como ferramenta estratégica desde os anos 1980, quando a Globo já promovia revitalizações, como no caso da novela “Amor com Amor se Apaga” (original da TV Tupi, trazida de volta em 1984). Hoje, essa fórmula está mais refinada e tem mostrado repetidos sucessos comerciais, inclusive com grandes integrações publicitárias e ampliação da audiência digital.
O que esperar para o futuro?
Com o sucesso dos remakes, a Globo deve seguir investindo em clássicos da teledramaturgia, potencializando receitas publicitárias e engajamento em múltiplas plataformas.
No capítulo de hoje (6) de Vale Tudo, é previsto para acontecer a emblemática morte da personagem Odete Roitman, a expectativa é que a audiência atinja recordes, consolidando ainda mais o potencial comercial da novela e reforçando a estratégia vencedora da Globo.
Mesmo com os R$ 200 milhões arrecadados pelo remake de Vale Tudo, a novela ainda não atingiu o maior faturamento da história da emissora. Esse recorde pertence a Avenida Brasil, que, somando patrocínios e vendas para o exterior, alcançou um lucro estimado em R$ 1 bilhão.