Política

ABFintechs busca elevar participação feminina no venture capital

Iniciativa partiu do resultado de uma pesquisa, realizada pela associação, que mostra que apenas 5% das 576 fintechs associadas são lideradas por mulheres

A Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) divulgou ao BP Money os resultados de um levantamento que mostrou que, das 576 fintechs associadas, apenas 5% são lideradas por mulheres. Por conta disso, a organização está buscando elevar a participação feminina na indústria de venture capital, para incentivar a aceleração de startups criadas por mulheres.

“Quando a gente fala em investimento, a gente está escolhendo o risco que a gente quer tomar. E o ser humano tem uma tendência a acreditar, a ver menor risco, em pessoas que se parecem com ele. Então se a gente tem um corpo de avaliadores daquele negócio, composto apenas por homens, nós vamos estar deixando passar alguns pontos importantes nessa avaliação”, explicou a diretora da ABFintechs, Mariana Bonora.

Segundo a pesquisa de 2020 da Crunchbase, plataforma que disponibiliza informações comerciais sobre empresas privadas e públicas, do total que foi investido em startups, apenas 3% foram destinados a empresas lideradas por mulheres.

“Isso significa que os investidores estão vendo uma rentabilidade maior nas empresas lideradas por homens? Não. Quando a gente vê os números, não é isso o que acontece. A gente vê que as startups fundadas por mulheres tendem a trazer um retorno maior para esse investidor. Então se analisarmos puramente os dados, é fácil entender que tem alguma coisa errada nessa avaliação desses investimentos. Como melhorar isso? Tendo mais mulheres nos times avaliadores na indústria de venture capital”, disse a diretora.

Movimento de representatividade

Para aumentar esse número, Mariana conta que estão sendo realizados diversos movimentos dentro da ABFintechs como a adesão à campanha global “30% Club”, iniciativa que prega que pelo menos 30% dos conselhos de administração e altos cargos de liderança nas empresas, principalmente nas empresas listadas nas bolsas de valores, devem ser ocupados por mulheres.

“Esse é um número estimado, mas que fala que para qualquer grupo minoritário ter a segurança de se manifestar em algum meio, você tem que ter uma representatividade mínima de 30%. Se a gente não chegar nesses 30%, provavelmente vamos estar perdendo muitas boas oportunidades de negócio”, disse.

Em março deste ano, ABFintechs realizou o evento “Fintopics” sobre liderança feminina e empreendedorismo e se prepara para, no segundo semestre desse ano, realizar o “Fintouch”, um evento que reunirá investidores, fintechs, startups, empreendedores e palestrantes para discutir sobre o universo da inovação.

Nele, Mariana conta que terão painéis específicos para falar sobre mulheres no venture capital. Além disso, a diretora explica que estão sendo implementadas novas pesquisas com os associados da organização para mapear a problemática da falta de lideranças femininas e que, em breve, os resultados serão divulgados.

O que é a ABFintechs?

Com cerca de 400 empresas associadas, a ABFintechs nasceu em 2018 com o objetivo de representar as empresas de base tecnológica voltadas para o mercado financeiro junto aos agentes públicos. A ideia é trabalhar em conjunto com instituições governamentais, participando da análise de projetos de lei, na propositura de novas políticas e no debate sobre regulamentações já existentes.

“A gente acaba tendo esse papel institucional muito forte. Nós tivemos assentos relevantes em debates como Open Bank e Pix. Participamos ativamente nas iniciativas de regulação de criptoativos. Na parte de inovação financeira do agronegócio, nós também temos um acento muito importante na Câmara Temática de Crédito, Seguro e Comercialização do Agronegócio (Credseg) que agora está sendo substituída pela Câmara de Inovação e Finança Privada do Agronegócio”, contou Mariana.

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