Política

Alckmin: governo eleito fará ajuste fiscal permanente

Alckmin participou do Fórum Esfera neste sábado (26)

Vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB) afirmou neste sábado (26) que o próximo governo realizará ajuste fiscal de maneira permanente, e não só em um único momento. 

“Vai haver ajuste e não em uma semana. Vão ser quatro anos de ajuste porque você pode todo dia estar melhorando a eficiência do gasto público”, afirmou Alckmin durante o Fórum Esfera Brasil. 

O ex-tucano comparou com o ano de 2020, o primeiro da pandemia, quando disse que houve déficit primário de 10% do produto interno bruto (PIB), um gasto de R$ 743 bilhões acima da arrecadação. 

Ele também destacou que os salários na administração pública são injustos e há pessoas ganhando muito bem, mas outras recebendo muito mal. “Meu pai, no final da vida, depois de 40 anos da vida pública, ingressou por concurso, eu ajudava a pagar o supermercado dele”, relatou. 

Por fim, Alckmin também ressaltou que os gastos com saúde pública correspondem a 3,9% do PIB, para atender mais de 75% da população, enquanto com saúde privada são 5,5% do PIB.

Âncora fiscal tem sido subjugada, diz analista

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição vem causando mal-estar na bolsa brasileira nas últimas semanas. Com o objetivo de que a mesma seja aprovada, o PT pode incluir no texto o compromisso de estabelecer uma nova âncora fiscal em 2023. Economista e sócio da BRA, João Beck afirma que só um novo arcabouço fiscal pode promover a credibilidade e disposição de atrair o capital produtivo de longo prazo.

“A âncora fiscal tem sido subjugada em relação a PEC da Transição, mas ela é de maior importância. Só um novo arcabouço fiscal é o que promove a credibilidade e disposição de atrais o capital produtivo de longo prazo. Uma fórmula técnica, robusta e com segurança jurídica pra gastos – sem permitir aventuras eleitorais no futuro é a condição necessária pro mercado eliminar incertezas e promover investimentos de longo prazo. Não precisamos de uma regra perfeita, basta que ela exista e seja robusta. É similar aos preços dos combustíveis: uma regra técnica, mesmo que imperfeita é melhor que nenhuma regra”, afirmou Beck ao BP Money. 

Já Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA BS’, pontua que não há espaço para expansão fiscal nos próximos anos, com a dívida pública já em nível elevado e projeção de crescimento em 2023. 

“Sem uma regra que possibilite a sustentabilidade fiscal, as condições financeiras tendem a se deteriorar no futuro próximo, o que causaria alta do custo da dívida pública, dos juros e, provavelmente, desvalorização do real. Tudo isso impacta no crescimento do PIB e no nível de emprego. Ou seja, o novo governo precisa definir e dar previsibilidade, de forma que haja uma trajetória sustentável das finanças públicas”, explicou Nishimura.

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