
O vice-presidente da República e ministro do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Geraldo Alckmin, declarou que, neste momento, o governo brasileiro não tem a intenção de utilizar o projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional, que prevê medidas para retaliar barreiras comerciais ou políticas protecionistas impostas por outros países.
O projeto, conhecido como PL da Reciprocidade, não será acionado por enquanto. Alckmin afirmou que o Brasil vai focar na negociação com os EUA, com uma reunião entre as equipes técnicas de ambos os países já agendada para a próxima semana.
“O Congresso votou corretamente uma legislação que dá arcabouço jurídico para proteger empregos e empresas. É uma boa legislação, necessidade, importante, mas não reforçamos usá-la. O que nós queremos fazer é o diálogo e a negociação [com os EUA]”, disse Alckmin em entrevista ao podcast Direto de Brasília.
Ele também mencionou que, devido ao “tarifaço” imposto por Donald Trump, todos os setores, especialmente os de aço, alumínio e autopeças, já buscaram apoio do governo. Esses setores enfrentaram tarifas de 25%, enquanto os demais foram afetados com alíquotas de 10%. Alckmin destacou que o governo trabalhará em conjunto com a iniciativa privada para minimizar os efeitos da guerra tarifária iniciada por Trump.
Além disso, o vice-presidente comentou que a guerra tarifária não traz benefícios nem para os EUA. “Não é bom nem para os Estados Unidos, porque você encarece os produtos. Então, quem comprar o produto vai acabar pagando mais caro”, afirmou.
Alckmin critica guerra tarifária de Trump e destaca riscos ao comércio
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, destacou que a guerra tarifária promovida pelos EUA gera imprevisibilidade e insegurança para os investimentos.
“Entendemos que uma decisão unilateral dos Estados Unidos não é boa para o comércio, porque cria imprevisibilidade, cria insegurança, isso diminui o investimento. Mesmo o Brasil tendo ficado com uma tarifa menor [de 10%], para os outros países foi muito pior, mas mesmo para nós também foi ruim”, afirmou.
Alckmin também ressaltou que o governo brasileiro vai monitorar o “desvio de mercado, de comércio”, já que a guerra tarifária pode afetar a indústria e o comércio local.
“Mesmo o Brasil ficando com a menor tarifa, 10%, ela é ruim. Ninguém ganha numa guerra tarifária. Ninguém ganha, perde o conjunto. Nós vamos ficar atentos ao desvio de mercado, de comércio, porque se você tem bloqueio aqui, você pode desaguar no Brasil, prejudicando a indústria, o comércio local”, explicou.
O vice-presidente também mencionou que a guerra tarifária de Trump pode acelerar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, destacando sua importância global. “Por outro lado, acho que vai acelerar o acordo Mercosul-União Europeia, que é o maior acordo do mundo hoje”, disse Alckmin.
Além disso, ele afirmou que a guerra comercial enfraqueceu o multilateralismo e prejudicou a atuação da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Alckmin critica políticas de Trump e destaca ações do Brasil
Geraldo Alckmin avaliou que a estratégia de Donald Trump de tentar atrair empresas de volta aos EUA, que haviam se mudado para outros países, é uma ideia ultrapassada e de segunda categoria.
“Isso é uma coisa de meio século atrás, quando você tinha uma política de substituição de importação, de protecionismo. Agora, o mundo é outro. Nós estamos num outro mundo, outro tempo, outro momento”, disse Alckmin.
O vice-presidente ressaltou que o Brasil tem o papel de proteger o comércio nacional dos efeitos do aumento de tarifas impostas por Trump, e isso será feito por meio de negociações.
“Como é que isso vai se desdobrar? Vamos trabalhar para que seja o menor impacto possível [para o Brasil]”, afirmou.
Alckmin também destacou que o governo brasileiro buscará novas oportunidades de mercado para mitigar os impactos da guerra tarifária.
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil deverá buscar novos acordos comerciais e explorar outras oportunidades de investimentos recíprocos e de complementariedade econômica, com o objetivo de expandir o mercado e promover a exportação de produtos brasileiros.
A autoridade destacou que a prioridade é abrir mais mercados para os produtos do país, sempre com foco em fortalecer a economia e ampliar as possibilidades de negócios internacionais.
Alckmin também reiterou que o Brasil é favorável à abertura do mercado e ao fortalecimento do comércio exterior.
“Enfraquece o multilateralismo, enfraquece a Organização Mundial do Comércio, tem impacto não só nos Estados Unidos, mas na economia mundial”, afirmou.