Política

Americanas (AMER3): CPI ouve ex-diretora nesta terça-feira (5)

Após o depoimento, está prevista a análise do relatório do deputado Carlos Chiodini

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que apura possível fraude contábil na Americanas (AMER3) ouve nesta terça-feira (5) a ex-diretora da empresa Anna Christina Ramos Saicali.

O depoimento foi solicitado pelo deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), relator do colegiado. A oitiva da ex-diretora na CPI estava inicialmente prevista para o dia 29 de agosto, mas ela não compareceu e pediu para remarcar a data.

A Americanas pediu recuperação judicial no dia 19 de janeiro após anunciar um rombo contábil de R$ 20 bilhões.

Após o depoimento de Anna Christina, está prevista a discussão e votação do relatório do deputado Carlos Chiodini. A reunião está marcada para as 15 horas, no plenário 7.

Na semana passada (29), o deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) sugeriu que, diante de depoimentos adiados e de liminares concedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aos convocados, a CPI seja prorrogada por mais 60 dias.

O colegiado, presidido pelo deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), foi instalado em 17 de maio e, inicialmente, tem 120 dias para concluir os trabalhos, prazo que se encerra em 14 de setembro.

Com informações da Agência Câmara de Notícias.

Americanas (AMER3): Rial sabia de fraude um mês antes de anúncio

O ex-CEO da Americanas (AMER3)Sergio Rial, sabia da fraude R$ 20 bilhões que atingiu o caixa da empresa pelo menos um mês antes do caso vir a público. As informações estão em um documento obtido pelo portal Metrópoles, parceiro do BP Money.

O conteúdo desses papéis, porém, vai de encontro a declarações feitas por Rial, em 22 de agosto, à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Americanas, em curso na Câmara dos Deputados.

De acordo a publicação, o documento é uma ata, que leva a tarja de “reservada”, de uma reunião realizada em 2 de dezembro de 2022, um mês antes de Rial ser oficialmente empossado no cargo de presidente da empresa. Nela, diz o executivo: “(…) Importante levarmos em consideração o asset (ativo) da empresa achado, fizemos um follow on (oferta de ações) espetacular no momento certo, mas gastamos todo o dinheiro e temos que ir à ‘guerra’”.

A seguir, Rial acrescenta: “O mercado precisa acreditar novamente na gente. Tem gente grande interessada, temos que ter uma história e uma estratégia consistente. Se a gente estiver convencido do que a gente faz, a gente convence o mercado de capitais. Talvez demore um pouco, mas a gente convence.”

Em 22 de agosto, contudo, durante depoimento de mais de duas horas à CPI, Rial não mencionou qualquer temor ou descrédito em relação à varejista no mercado de capitais. Ao responder por que os bancos ofereceram tanto crédito à empresa, afirmou o contrário. Ele disse que “16 analistas cobriam a ação” da varejista, dos quais “dez recomendavam sua compra”. Notou ainda que as agências de risco davam à Americanas as suas maiores classificações, quando comparada a outras companhias. “Estruturalmente, era uma empresa que gozava de muita confiança”, observou.

Rial afirmou aos parlamentares que a desconfiança em relação à Americanas era “inexistente” também da parte dele. Relatou que ingressou numa empresa que, em 2020, havia colocado R$ 8 bilhões em seu balanço (o follow on acima mencionado), fortalecendo-o numa emissão de ações. Não disse, no entanto, que o dinheiro havia acabado, como está descrito na ata. Na CPI, ressaltou: “O segundo trimestre de 2022 é de uma empresa absolutamente rentável. Ela ganha dinheiro no primeiro semestre”.

Participaram da reunião reportada pela ata o executivo André Covre, o diretor financeiro que Rial levou para a Americanas, que assumiria o posto em janeiro, e os ex-diretores da empresa Anna Saicali (CEO da AME Digital), Márcio Cruz (vice-presidente de Digital, Consumo e Marketing), José Timótheo Barros (CEO da Plataforma Física e ex-CFO da Americanas), João Guerra (Diretor de RI) e Vanessa Carvalho (diretora executiva), que secretariou o encontro.

Na CPI, na última semana, Rial reafirmou o que já havia dito anteriormente sobre a fraude de estimados R$ 20 bilhões. O relato coincide com as versões que ele anteriormente havia dado, segundo as quais, após assumir a cadeira de presidente da Americanas, em 2 de janeiro de 2023, um grupo de diretores lhe teria indicado a existência das distorções bilionárias na contabilidade da varejista.

Durante a sessão na Câmara, esses diretores foram identificados como José Timótheo Barros, ao qual depois se juntaram Anna Saicali e Márcio Cruz, nos alertas ao então novo CEO.

Após a publicação da reportagem do Metrópoles, a assessoria de imprensa de Sergio Rial enviou a seguinte nota:

“Sergio Rial nunca tomou conhecimento de qualquer situação de crise financeira na Americanas envolvendo as inconsistências contábeis antes de assumir o cargo de CEO. Conforme já esclarecido, a existência das inconsistências contábeis lhe foram relatadas apenas em 4 de janeiro de 2023 por dois diretores da companhia.

“A reunião de 02 de dezembro de 2022, realizada com a presença do futuro CFO André Covre, teve por agenda apresentá-lo aos demais diretores e discutir, dentre outros temas específicos, o orçamento de 2023, conforme provas telemáticas existentes. Contudo, não foram apresentadas nessa reunião as projeções do quarto trimestre sob a alegação de que o Natal teria grande impacto ainda nas vendas.”