Rachadura política

Ataque a Campos Neto levanta dúvidas sobre próximo presidente do BC

A expectativa foi abalada pelas recentes críticas do presidente Lula à condução da política monetária no país

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Às vésperas da decisão do Copom, as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à política monetária do Brasil e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltaram a aumentar o desconforto entre os agentes de mercado. 

De um lado, cresce a percepção de que as declarações de Lula possam aumentar a pressão sobre os membros indicados pelo governo para votarem pela continuidade dos cortes na Selic, causando uma nova divisão no colegiado. 

De outro, o uso dos termos “maduro” e “calejado” pelo presidente ao descrever o perfil de seu indicado à cadeira do BC reacendeu as especulações sobre possíveis novos nomes para substituir Campos Neto.

Nos círculos de apostas, começaram a surgir nomes como o do ex-diretor do BC Luiz Awazu, o ex-ministro Guido Mantega e o atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, como possíveis substitutos para o presidente do BC.

Depois que a última reunião do Copom resultou em um placar dividido e aumentou a percepção de risco, os participantes do mercado passaram a acreditar que o Banco Central interromperá os cortes de juros de forma unânime na próxima reunião de quarta-feira. 

No entanto, essa expectativa foi abalada pelas recentes críticas do presidente Lula à condução da política monetária no país.

Lula acusa Campos Neto de ter ‘lado político’ e prejudicar o país

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a fazer duras críticas ao presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, em entrevista à rádio CBN, na manhã desta terça-feira (18).

Segundo o petista, Campos Neto tem lado político e “trabalha mais para prejudicar do que para ajudar o país”. Lula também disse que o comportamento do BC é a única coisa “desajustada” no Brasil neste instante.

Questionado sobre a possibilidade do Copom (Conselho de Política Monetária) decidir pela manutenção da Selic em 10,50%, o presidente disse achar “muito triste” e afirmou que “o Brasil não precisa disso”.