O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (6) que a piora recente das expectativas do mercado financeiro para a inflação tem preocupado a autoridade monetária.
O chefe da autarquia monetária nacional também disse que, aparentemente, a queda de juros ao redor do mundo será mais tímida do que se esperava inicialmente.
As falas aconteceram durante palestra no MKBR24, evento sobre mercado de capitais promovido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e pela B3.
Campos Neto avalia negativamente surpresa nos recentes dados econômicos
Ainda na ocasião, o presidente do BC destacou que o processo de relaxamento monetário nas principais economias mundiais começa em um período de incertezas consideráveis.
“Temos tido surpresas positivas no tema do emprego global, o que tem se traduzido em pressões de inflação de serviços. Há, por outro lado, esperança que a desinflação de manufaturados se converta em uma desinflação mais organizada daqui para frente”, afirmou.
“As surpresas da atividade econômica global pararam de ser tão positivas, mas ainda vemos diferença entre manufatura e serviços”, completou.
Campos Neto também observa que a expectativa de redução das taxas nos EUA tem impulsionado grande parte da aversão ao risco nos mercados emergentes recentemente.
O chefe do BC destacou também as condições financeiras nos EUA, que permanecem relativamente soltas, apesar dos juros mais elevados.
Embora os juros atuem como um mecanismo de contenção, ele ressalta que outros mercados, como o de crédito e o de ações, oferecem um contrapeso a essa tendência.
“O mundo emergente vai sentir mais rápido que o mundo desenvolvido. Temos preocupação como vai ser o efeito contaminação desse juro americano mais alto por muito mais tempo no mundo emergente”, avaliou.
No que tange ao crescimento da dívida pública, Campos Neto ressaltou que dois terços da modalidade se concentram em Japão, EUA, e Europa, além de afirmar que o custo de rolagem subiu bastante.
“A pauta fiscal começou a ficar um pouco mais no radar da comunidade internacional e isso tem implicação para o mundo emergente e o Brasil, isso porque o fiscal brasileiro também fica mais em foco”, disse.