O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chamou atenção, nesta segunda-feira (4), para a inflação de serviços, que tem sofrido uma contração e pressionado os preços no País. A análise foi dada durante evento realizado em São Paulo, pelo ACSP (Conselho Político e Social da Associação Comercial de São Paulo).
“Quando olhamos para a inflação de serviços temos um ponto importante: a mão de obra tá muito apertada no mundo inteiro. No pós-pandemia, a geração de emprego foi muito forte, houve uma mudança estrutural na forma do trabalho, e o desemprego caiu rapidamente”, avaliou Campos Neto.
Campos Neto observou que a inflação de serviços, marcador determinante para a taxa básica de Juros, Selic, estava declinando em um ritmo mais acelerado do que o previsto e que o Banco Central está investigando as causas da recente piora nos núcleos, discernindo entre os efeitos dos serviços e da intensidade de mão de obra.
Nas últimas leituras, a inflação de serviços havia registrado uma leve deterioração, mas ainda dentro das expectativas para o processo de convergência da percepção do presidente da autarquia federal.
“Então isso faz com que você tenha uma atenção especial para a inflação de serviços, que é inclusive mão de obra”, disse.
Campos Neto enfatizou que a abertura desses serviços possui preços com menor volatilidade. Ele ressaltou a importância de essa inflação diminuir, já que o Banco Central tem uma meta a cumprir.
Campos Neto relaciona cenário doméstico com desinflação da China
O chefe da autarquia monetária também associa o fenômeno da queda à desinflação da China, que ancora o cenário inflacionário.
Em sua análise, a China se apresentou como uma força adicional à tendência de queda da inflação de bens de consumo. Além dos efeitos do crédito caro na demanda, do comportamento mais estável do câmbio e da normalização da oferta após a superação de gargalos de produção.
No país asiático, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) registrou uma queda de 0,5% em novembro na base anual. O número alcança a maior queda desde o auge da pandemia, há três anos. É o que apontam os últimos dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas da China.