O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) se despede de 2024 em sua última reunião, que acontece entre os dias 10 e 11 de dezembro, para a definição do patamar da Selic, a taxa básica de juros.
Investidores e especialistas antecipam um aumento de pelo menos 0,75 p.p. na taxa Selic na próxima decisão do Copom, visando conter a inflação e ancorar expectativas econômicas em um cenário de incertezas fiscais e globais. Outra leitura por parte dos especialistas é que a taxa básica de juros possa fechar o ano no patamar de 12,25%, a partir de uma alta de 1 p.p pelo Comitê.
Para Idean Alves, especialista em mercado de capitais e planejador financeiro, a expectativa é de um ajuste significativo na taxa Selic para o cenário atual.
“A minha expectativa e a do mercado como um todo é um aumento de 0,75 p.p. na taxa Selic, pois precisamos ancorar as expectativas de inflação no médio prazo. Como a inflação está levemente acima do teto da meta e a projeção para 2024 segue pressionada, o ajuste precisa ser robusto agora para evitar novas elevações no futuro”, afirma.
Alves ressalta ainda que o Copom deve considerar vários fatores no ajuste monetário. “Temos um cenário complexo com desinflação e desaceleração global, dólar forte e um cenário fiscal indefinido. Isso exige uma alta de pelo menos 0,50 p.p., mas acredito que um movimento de 0,75 p.p. seria o ideal para alinhar o prêmio de risco do Brasil ao cenário internacional e preparar o caminho para Gabriel Galípolo, que assume o Banco Central em janeiro.”
A Equus Capital utiliza o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), uma abordagem inovadora com Inteligência Artificial que estima a probabilidade das mudanças na taxa Selic.
Segundo Felipe Uchida, head de análises quantitativas da Equus Capital, nesta semana, o IEPS apontou uma probabilidade de 60,2% para um aumento de 75 pontos-base, uma elevação significativa em relação aos 52,5% observados na semana anterior e bem acima dos 35% registrados no dia anterior à última reunião do Copom.
Além disos, em relatório da Warren Investimentos, assinado por Sérgio Goldenstein, estrategista chefe da Warren Investimentos, a corretora destacou que também espera a elevação da meta Selic em 75 bps para 12,00%, prevendo a decisão unânime do Comitê. No entando, salientou que considera um ‘close call‘ com relação a uma alta de 100 bps.
“A aceleração do ritmo de aperto monetário se justifica pela forte piora do balanço de riscos no período recente”, completou a análise.
O mercado de opções de Copom teve um crescimento expressivo no número de contratos em aberto, passando de 23.567 para 40.320, sinalizando um cenário de maior volatilidade e especulação.
Uchida acrescentou que o relatório Focus desta semana mostrou um aumento na expectativa da inflação para 2024, com o IPCA estimado em 4,84%, ultrapassando o teto da meta inflacionária.
O cenário é agravado por ajustes no câmbio, com expectativas de que a moeda americana possa atingir R$ 5,95, e pela incerteza política em relação ao Congresso, o que pode impactar negativamente as propostas do governo.
“O cenário inflacionário apresenta desafios, e o aumento das expectativas do IPCA reflete a necessidade de medidas mais rígidas do Copom para conter a inflação e garantir a estabilidade econômica”, conclui Felipe Uchida.
Renda fixa em um cenário de Selic em alta
Já Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos e finanças comportamentais, projeta um aumento semelhante de 0,75% e observa que alguns investidores estão apostando em um movimento de até 1% na próxima reunião.
Patzlaff aponta o impacto tanto dos dados econômicos positivos dos EUA quanto das preocupações com o arcabouço fiscal brasileiro.
“Em um cenário como esse, o investidor conservador encontra oportunidades robustas em investimentos atrelados à Selic, como CDBs e títulos de renda fixa públicos e privados, especialmente aqueles com prazos superiores a cinco anos”, explica Patzlaff.
No entanto, ele adverte sobre o risco das empresas privadas no meio do caminho. “Analise a rentabilidade desses investimentos e verifique se a segurança está alinhada ao seu perfil e objetivos financeiros”, reforçou.