Tarifas, inflação e riscos globais

Galípolo aborda tarifas, inflação e riscos globais em evento do Itaú

Presidente do Banco Central abordou a experiência do Canadá com tarifas e os desafios da inflação no Brasil, além de destacar incertezas geopolíticas e políticas monetárias internacionais.

Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Durante a manhã desta segunda-feira (29) o presidente do BC ( Banco Central) Gabriel Galípolo esteve presente no evento Itaú Macro Vision, o presidente falou sobre o impacto das tarifas sobre os preços e as incertezas geopolíticas.

Uma das perguntas direcionadas ao presidente do BC, foi sobre quais as medidas do BC relacionadas ao tarifaço? Durante a conversa, ele relatou uma curiosa experiência do Banco Central do Canadá, que, ao iniciar a aplicação de tarifas, adotou uma estratégia inusitada para alertar os consumidores sobre o aumento dos preços.

Experimento canadense

O presidente do BC brasileiro compartilhou uma conversa com seu colega canadense, o presidente do Banco Central do Canadá, Tiff, que descreveu o impacto das tarifas no país como um “experimento sociológico”. “Quando começou o processo de tarifação, o Canadá passou a colocar um T vermelho nos produtos que haviam sofrido a reciprocidade da tarifa, para que os consumidores soubessem que o preço estava mais alto devido à tarifa”, relatou.

Ele observou que, embora o acordo comercial entre os Estados Unidos e o Canadá tenha levado à retirada do “T” vermelho, o impacto nos preços foi mais duradouro do que o esperado: “Os preços não caíram, continuaram no mesmo nível, apesar do fim da tarifa”.

Galípolo também mostrou preocupação com uma possível “inflação oportunista” fator que pode ocorrer em países como o Brasil, e poderia estar enfrentando uma pressão inflacionária devido a fatores externos, além dos efeitos do tarifaço. Ele comentou sobre a “relevância maior” do Brasil no comércio internacional e como esse tipo de comportamento pode afetar a economia local.

“Eu diria que essa inflação é mais uma questão de oportunidade, uma pressão sobre os preços que pode não refletir necessariamente a realidade do mercado, mas que acaba tendo impacto sobre os consumidores”.

Influência dos EUA

Presidente também falou sobre o impacto das políticas monetárias do EUA na economia global. E trouxe o fator da incerteza especialmente em relação ao comportamento dos preços dos ativos.

“Há uma preocupação se os preços estão refletindo de maneira adequada a incerteza e o risco geopolítico. Para os banqueiros centrais, é claro que existe uma maior convicção de que o nível de incerteza e o ruído institucional precisam ser mais refletidos nos preços”, disse ele. “Por outro lado, os investidores estrangeiros têm uma visão diferente, acreditando que tudo está correndo conforme o esperado, sem grandes preocupações sobre os preços não refletirem a realidade”.

Perspectivas para a economia global

Em sua fala final, o presidente do BC reforçou que a troca de ideias sobre as incertezas e os riscos globais é crucial para compreender os impactos dessas questões na economia global.

“É uma discussão constante sobre o que está acontecendo na política monetária global, e essas questões estão muito presentes nas reuniões entre os banqueiros centrais e os investidores”,