O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (que a situação econômica atual indica “juros mais altos por mais tempo”.
Durante um evento promovido pela XP Investimentos, o diretor da autarquia financeira destacou que, dada a performance mais dinâmica da economia e a desvalorização da moeda, é “lógico” que uma política monetária mais restritiva seja necessária.
Galípolo também observou que esse cenário demanda ajustes para manter o controle da inflação.
Galípolo diz que política fiscal progressiva pode ter impulsionado consumo
De acordo com Gabriel Galípolo, a política fiscal progressiva deste ano pode ter aumentado a disponibilidade de recursos para pessoas com maior capacidade de consumo, estimulando a demanda.
Sobre a escolha dos novos diretores do Banco Central, ele expressou grande satisfação com a equipe atual e agradeceu ao presidente Lula, ao ministro Fernando Haddad e ao atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Galípolo, que assumirá a presidência do Banco Central em 2025, comentou também sobre as expectativas de inflação. Segundo ele, as altas expectativas de inflação refletem a percepção do mercado de que o Banco Central não está adotando medidas suficientes para controlar os preços.
IPCA-15 acentua desafio de conter a inflação e preocupa mercado
Embora o Ibovespa tenha iniciado o pregão desta terça-feira (26) em alta, a divulgação do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de novembro aumentou as preocupações do mercado financeiro. O índice, considerado a prévia oficial da inflação, teve alta de 0,62%, bem acima do esperado pelo consenso LSEG de analistas.
O dado escancara o que tem sido o principal desafio do BC (Banco Central) nos últimos meses: o controle das pressões inflacionárias, segundo o economista Maykon Douglas. Ele esclareceu que apesar do alívio nos preços de energia elétrica, o indicador reforçou a série de pressões sobre a inflação corrente.
A aceleração inflacionária foi impulsionada principalmente pelos grupos de alimentação e bebidas, que subiram 1,34%, e transportes, com alta de 0,82%. Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, enfatiza a preocupação com a alta dos alimentos, sobretudo da carne.
“Estas [as carnes] têm tido aumentos significativos principalmente devido ao aumento da demanda chinesa, porém, o recente boicote de frigoríficos brasileiros ao Carrefour frente às falas do CEO global da empresa podem impactar ainda mais os preços”, disse Felipe.
Para Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, o IPCA-15 de novembro reflete um ambiente de pressão inflacionária que impacta diretamente o custo das operações financeiras para empresas e famílias.