Nome acalma setor

Sucessão no BC: Galípolo é um nome promissor e anima mercado

O presidente ainda não bateu o martelo e mantém suspense sobre a sucessão da liderança no BC, ressaltando que a escolha deve acontecer “na hora certa”

Gabriel Galípolo (Foto: Washington Costa/MF)
Gabriel Galípolo (Foto: Washington Costa/MF)

Há alguns dias, o nome de Gabriel Galípolo tem reforçado seu primeiro lugar na bolsa de apostas para substituir Campos Neto na presidência do BC (Banco Central)

Isso porque espera-se que o atual diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, seja nomeado para liderar a instituição em agosto, conforme indicado pelo atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, em informações noticiadas pela coluna do jornalista Lauro Jardim.

Galípolo, que tem vínculos com Lula e já foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, desponta como favorito. Ainda assim, o presidente ainda não bateu o martelo e mantém suspense sobre a sucessão da liderança no BC, ressaltando que a escolha deve acontecer “na hora certa”.

Na avaliação de Homero Guizzo, economista da Terra Investimentos, os discursos recentes de Gabriel Galípolo é que sua abordagem no combate à inflação tende a ser mais “gradualista”. 

O especialista avalia que, caso Galípolo assuma a presidência da autarquia financeira brasileira, ele deve de usar uma estratégia econômica que visa controlar ou reduzir a inflação de forma gradual e progressiva ao longo do tempo, em vez de adotar medidas abruptas e drásticas. 

“Se bem comunicada, esta abordagem tem o potencial de evitar volatilidade das taxas de juros de mercado e um sacrifício significativo da atividade econômica”, disse. 

“A Comunicação dos planos e diagnósticos do BC ao mercado é crucial para que os benefícios de uma abordagem assim sejam colhidos sem prejuízo da dinâmica das expectativas de inflação”, completou Guizzo.

‘Meio a meio’: as expectativas e incertezas da gestão Galípolo

Ao BP Money, Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, salienta algumas dúvidas quanto a gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central. 

“As expectativas são muito incertas. O Galípolo, em termos acadêmicos, é um cara bom, até muito mais preparado que o Haddad para essa posição”, afirmou.

Quanto à orientação econômica de Galípolo, Cohen comenta: “Dependendo de qual for o discurso dele, qual for a indicação dele, ele pode agradar o mercado e pode agradar o Brasil, sim.” 

O economista sugere que apesar de Galípolo ser visto como heterodoxo,contrariando padrões, suas decisões podem manter uma “certa estabilidade” nas políticas anteriores do Banco Central, o que, em sua análise, pode ser bem recebido pelo mercado financeiro.

Cohen destaca o histórico acadêmico e profissional de Galípolo, mencionando suas passagens como professor universitário e suas diversas experiências.

Em relação ao perfil político de Galípolo, Cohen compara o perfil de Galípolo com outros ex-presidentes do Banco Central, destacando uma possível inclinação similar à de ex-dirigentes como Alexandre Tombini (DAD).

“Eu vejo ele, em alguns momentos, historicamente, sendo muito político, sendo muito politizado e mais tendenciando para posturas esquerdistas, colocando estado muito maior, e outros momentos não. É uma coisa boa”, avaliou. 

Como seria a relação BC X Presidência? 

A proposta de antecipar a nomeação do sucessor de Campos Neto para agosto é respaldada por aliados do presidente, visando assegurar uma transição tranquila no órgão e diminuir a influência do presidente atual. 

Segundo Homero Guizzo, economista da Terra Investimentos, Galípolo e a atual administração federal “já dialogam há bastante tempo”.

“Não por acaso foi secretário executivo do Min. Fazenda em 2023 e foi cotado para a presidência do BNDES”, afirmou.

Guizzo continua, destacando que “suas visões para política econômica parecem, na largada, muito mais alinhadas àquelas historicamente defendidas por Lula e Haddad que as de Roberto Campos Neto”. 

“Por isto, prevejo muito menos atrito nesta relação que hoje”, disse e complementou: “tudo mais constante, este alinhamento tende a gerar menos ruído e, idealmente, pode promover um melhor alinhamento entre as políticas fiscal e monetária (se bem explorado).”