O ministro Fernando Haddad (PT), anunciou na tarde de quarta-feira (28) a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o nome de Gabriel Galípolo como o próximo presidente do BC (Banco Central). Agora, entre o governo e a autarquia circula a expressão que “procura-se um Galípolo para a vaga de Galípolo”, segundo apuração do “Valor”.
Galípolo e Haddad buscam alguém com o perfil do atual titular do cargo para comandar a diretoria de política monetária, cargo que o indicado à presidência do BC ocupa no momento, considerada a mais estratégica na instituição, de acordo com fontes do Palácio do Planalto, segundo o veículo.
O governo e o BC procuram um economista ligado ao mercado financeiro, que seja respeitado pelo empresariado e pelos investidores, porém que mantenha o diálogo com o campo progressista no mundo político.
Galípolo e Haddad tem discutido a sete chaves os possíveis nomes. O futuro presidente da autarquia ainda precisará passar por sabatina, ainda não agendada, no Senado, mas o evento deve ocorrer em outubro, após o primeiro turno das eleições municipais, de acordo com o jornal.
Roberto Campos Neto seguirá à frente do BC até o fim de seu mandato, em dezembro deste ano.
Espera-se que o nome do indicado para a vaga de Galípolo seja anunciado e enviado ao Senado junto com as nomeações dos outros novos diretores para as vagas que serão abertas em dezembro.
Além do novo diretor de política monetária, Lula terá de escolher os novos mandatários das diretorias de relacionamento, cidadania e supervisão de conduta, e de regulação. Os anúncios também devem ser feitos após as eleições municipais, em outubro.
Galípolo no BC: analistas vêem com bons olhos e esperam dissociação política
A reação de especialistas do mercado financeiro à indicação do economista Gabriel Galípolo para comandar o Banco Central (BC), em substituição a Roberto Campos Neto, cujo mandato termina no final deste ano, revela uma mistura de expectativas e incertezas quanto ao seu impacto na condução da política monetária.
Para o analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, Rodrigo Cohen, o mercado vê Galípolo de forma positiva. “Logo após a indicação, o dólar caiu e o Ibovespa subiu, embora tenha se estabilizado logo depois. Ele já demonstrou que não vai agir sob interferência política, mantendo um comportamento técnico nas últimas decisões do Copom”, afirmou Cohen.
Em linha com Cohen, o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala acredita que o mercado deve reagir bem à indicação, dado o comprometimento de Galípolo com o controle da inflação.
Para Felipe Castro, sócio da Matriz Capital e especialista em mercado de capitais, o desafio de Galípolo será manter a independência da política monetária, semelhante à abordagem de Campos Neto, que aumentou os juros em um ano eleitoral.
“O mercado espera que Galípolo se dissocie das pressões políticas e continue a conduzir a política monetária com o mesmo desprendimento de Campos Neto”, afirmou.