Política

Caso das joias: Bento Albuquerque gera desconforto para Odebrecht

O ex-ministro passou a integrar o conselho de administração da construtora em novembro de 2022

 

A presença do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque no conselho de administração da OEC (antiga Odebrecht Engenharia e Construção)  tem causado desconforto na cúpula da empresa, segundo fontes ouvidas pelo Valor Econômico.

O militar está envolvido no escândalo das joias de diamantes, trazidas da Árábia Saudita na mala de um assessor do ex-ministro, e que seriam destinadas a Jair Bolsonaro e à ex-primeira-dama Michelle. Na ocasião, Albuquerque tentou convencer os agentes da Receita Federal a liberar os presentes, retidos na alfândega do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP).

De acordo com a publicação, uma fonte próxima a companhia disse que o objetivo da entrada de Albuquerque no colegiado da OEC era de que a “alta visibilidade” dele no governo Bolsonaro como ministro de Minas e Energia contribuísse para abertura de novos mercados e obtenção de contratos de obras pela construtora, dentro e fora do país.

O ex-ministro passou a integrar o conselho de administração da construtora em novembro de 2022, como conselheiro independente, convidado pela direção da Novonor, holding da família Odebrecht que controla a OEC.

Hoje, a OEC, assim como o grupo (ex-Odebrecht) como um todo, tentam se recuperar do impacto negativo em sua imagem, provocado pelos escândalos da operação Lava-Jato da Polícia Federal por contratos ilegais em obras da Petrobras. As empresas tiveram de fazer acordos de leniência com o governo (pagando pesadas multas) e a adotar regras 

A OEC, que negociou recuperação extra-judicial com seus credores, foi uma das empresas do grupo mais atingidas pelo operação. Em seus acordos, no país e com o DoJ (Departamento de Justiça) dos EUA, se comprometeu a ter no mínimo dois conselheiros independentes no colegiado, além de outras normas de compliance.

TCU deve determinar devolução de joias dadas a Bolsonaro

O TCU (Tribunal de Contas da União) deve determinar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que devolva as joias que foram dadas a ele de presente pelo governo da Arábia Saudita.

De acordo com a coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, Bolsonaro tem sido aconselhado a se antecipar e desistir de ficar com os mimos luxuosos. Com isso, ele se adiantaria à decisão do TCU e evitaria desgastes ainda maiores causados pelo noticiário de que integrantes de seu governo tentaram trazer os bens ao Brasil de forma ilegal.

Questionado, o advogado Frederick Wassef, que representa Bolsonaro, diz que não poderia se manifestar.

As joias foram enviadas ao país em duas caixas, carregadas pela equipe do então ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque.

Uma delas, com um par de brincos, um anel, um colar e um relógio, confeccionados com pedras preciosas, eram destinados à então primeira-dama Michelle Bolsonaro, segundo o ex-ministro. O conjunto valeria R$ 16 milhões.

O outro pacote, que inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça de diamantes Chopard, não foi interceptado pela Receita.