Política

BNDES e MMA relançam Fundo Clima com aporte de R$ 10 bilhões

Comitê gestor foi reformulado para reforçar governança participativa

O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima foi retomado nesta quinta-feira (24/08) com aporte de R$ 10 bilhões para financiar projetos que ajudem na mitigação e na adaptação à crise climática. O valor foi anunciado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), durante reunião no Ibama, em Brasília.

O aporte foi aprovado na 34ª reunião do Comitê Gestor do Fundo Clima, cuja governança participativa foi retomada após quatro anos de paralisação virtual. O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, a ministra Marina Silva, o ministro da Fazenda em exercício, Dario Durigan, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, participaram da cerimônia de abertura.

“O Brasil deixou de ser o negacionista do mundo para ser o grande líder no combate às mudanças climáticas, liderar o combate ao aquecimento e boas políticas na área do clima”, disse o presidente em exercício, ressaltando a queda de 42% da área sob alerta de desmatamento na Amazônia de janeiro a agosto em relação ao mesmo período do ano anterior.

O aporte de R$ 10 bilhões será para a linha de financiamento reembolsável do Fundo Clima, gerida pelo BNDES. A verba poderá vir da primeira emissão de título de dívida soberana sustentável do governo brasileiro e se somará aos R$ 400,2 milhões até então disponíveis.

O aumento dará nova robustez ao mecanismo, permitindo a captação de recursos por iniciativas que contribuam para desenvolvimento urbano resiliente e sustentável; indústria verde; logística de transporte, transporte coletivo e mobilidade verdes; transição energética; florestas nativas e recursos hídricos; e serviços e inovação verdes.

“Estamos indo para o caminho de transformar. A transformação é mais do que mitigar, é mais do que adaptar. A mitigação ainda pode ocorrer na mesma lógica do modelo insustentável que causa os problemas que estamos mitigando. A adaptação pode ocorrer na mesma lógica que gera os problemas a que estamos nos adaptando. Mas o esforço de transformar é ir para um outro patamar, de um novo ciclo de prosperidade econômica, social e ambiental”, disse Marina.

O Fundo Clima foi criado em 2009 e começou suas operações dois anos depois como um dos principais instrumentos da Política Nacional de Mudança do Clima. Desde então, foram investidos R$ 2,3 bilhões na mobilidade reembolsável e R$ 128 milhões na modalidade não reembolsável, gerida pelo MMA e cujo orçamento passou de R$ 525 mil no ano passado para mais de R$ 3,5 milhões neste ano.

Sessenta e três projetos foram aprovados na modalidade não reembolsável do Fundo Clima desde o início das operações, há 12 anos. Nos últimos quatro anos, apenas uma iniciativa foi apoiada. Outra foi anulada por não cumprimento das cláusulas para assinatura do contrato.

“Hoje é uma etapa essencial que vai viabilizar os primeiros passos concretos da transição ecológica”, disse Durigan.

A reunião desta quinta aprovou também o lançamento de edital conjunto do Fundo Clima com o Fundo Nacional do Meio Ambiente, que prevê R$ 5,4 milhões para projetos que busquem a redução de vulnerabilidade às mudanças do clima em áreas urbanas e rurais. A iniciativa apoiará projetos de R$ 400 mil a R$ 800 mil que devem ser executados em 24 a 36 meses.

“Já temos o dia mais quente da história em 120 anos, é disso que estamos falando aqui hoje. Não vejo alternativa para enfrentar a gravidade da crise climática se os bancos públicos não tomarem a dianteira no processo de impulsionar a transição energética e a transição climática”, discursou Mercadante.