Política

Bolsonaro está "assimilando" derrota, diz ministro Fábio Faria

Segundo Faria, a derrota de Bolsonaro foi resultado de fatores que o governo enfrentou, como a pandemia

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que Jair Bolsonaro (PL) está “assimilando” a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último dia 30. Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, Faria disse que o atual presidente está “tentando entender o que aconteceu, o que ele vai fazer nos próximos dias para frente”.

“Ele é um ser político. Antes de ser presidente, ele ficou 28 anos como deputado. Saiu do baixo clero para virar presidente da República, algo que ninguém nunca tinha visto. Eu acho que neste momento agora ele está assimilando”, disse Faria ao “Valor”.

O ministro ainda afirmou que o bolsonarismo continua forte e “está vivo”. Segundo ele, isso é um reflexo de um governo que deu certo em muitas áreas e teve entregas importantes. 

Sobre os próximos passos de Bolsonaro, Faria entende que é um momento de dar a ele um espaço de reflexão.  “É um momento dele mesmo, de dar um tempo ao presidente. Depois que ele assimilar tudo, ele deve convocar os ministros para ter uma conversa”, afirmou. 

Para ele, a derrota de Bolsonaro nas urnas foi resultado de alguns fatores que o governo enfrentou ao longo do mandato e fez com que o presidente perdesse muita gente. Em sua avaliação, a pandemia foi uma delas. “Primeiro, o presidente enfrentou a barragem de Brumadinho, logo em 2019. Depois, foram três anos de pandemia, seguida por uma crise hídrica e, depois, uma guerra da Ucrânia com a Rússia”, apontou. 

“Muitos votos que foram para o Lula foram votos de pessoas que votaram em Bolsonaro em 2018. Não eram votos do PT. Eram votos de pessoas que tinham ficado chateadas com o Bolsonaro por um episódio que aconteceu na pandemia e em outros episódios”, disse Faria.

Ainda, o caso Robert Jefferson, em sua avaliação, aconteceu em um momento crucial, quando Bolsonaro estava “cruzando” e recuperando muitos eleitores. Mesmo assim, Faria apontou que não é possível medir o efeito do caso na votação. 

Além disso, outro ponto importante foram as “fake news” que surgiram ao longo da campanha. Ele citou as informações falsas que Bolsonaro acabaria com o 13º e as férias. “Outro ponto importante, que é imensurável, foram as “fake news”. “Isso a gente mediu muito nas qualitativas e foi muito forte. Eu diria que esses pontos todos somados fizeram com que essa eleição tivesse uma diferença de 2 milhões de votos”, afirmou.

No momento de transição de governo, o ministro disse que terá um perfil técnico e que focará na parte de telecomunicações. “Vou focar muito nessa área e me colocar muito à disposição, no que for possível. Quero ter um perfil muito técnico nessa transição, um perfil que a gente teve aqui em telecomunicações. Mas, se precisar expandir para algo que seja demandado, estou à disposição”, afirmou ao “Valor”.

Para os próximos anos, Faria apontou que acredita que Bolsonaro deve “liderar o legado” que criou. “Ele é a figura maior, o líder maior, ele tem que liderar este processo. Acho que o líder desse processo de oposição é ele, ele que tem que tomar essa a decisão, o que ele quer. O presidente formou lideranças, tem muitas lideranças de direita, tem Tarcísio, governador de São Paulo, tem o Zema, de Minas, então a direita hoje tem vários nomes”, disse. 

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