
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros condenados do núcleo central da trama golpista de 2022 decidiram não apresentar novos embargos de declaração ao STF (Supremo Tribunal Federal). O prazo encerrou na segunda-feira (24) e, com isso, é possível que o processo avance para a análise do possível trânsito em julgado, etapa em que não cabem mais recursos.
Com isso, a definição cabe a Alexandre de Moraes, relator do caso.
O deputado Alexandre Ramagem (PL), bem como o ex-ministro Anderson Torres, também não vão recorrer. Já outros réus, integrantes do chamado núcleo crucial, apresentaram embargos. A lista inclui Mauro Cid, Marcelo Câmara, Filipe Martins, Walter Delgatti Neto, Rafael Martins de Oliveira, Ailton Barros, entre outros.
Apesar da ausência de novos recursos por parte de Bolsonaro e aliados, isso não encerra automaticamente o caso. Contudo, abre espaço para que Moraes avalie se os embargos apresentados pelos demais são suficientes para alterar o julgamento ou se têm caráter meramente protelatório.
Caso prevaleça a segunda hipótese, ele pode considerar a etapa recursal superada e encaminhar o caso para eventual execução da pena — movimento que dependeria de confirmação da Primeira Turma, como apontou o InfoMoney.
De acordo com informações da Folha de S.Paulo, ministros do Supremo têm mencionado internamente o caso de Fernando Collor como referência. No episódio, recursos sucessivos, vistos como protelatórios, levaram Moraes a encerrar a fase recursal e determinar o início da execução da pena. Apesar de haver garantia de repetição do entendimento, o precedente é observado no tribunal, ao passo que o processo de Bolsonaro entra em sua etapa mais sensível.
Prisão de Bolsonaro dificulta negociação com EUA, avalia governo
Interlocutores do governo afirmam que, se já era difícil obter dos EUA a suspensão das sanções aplicadas a cidadãos brasileiros, a prisão preventiva de Jair Bolsonaro torna o objetivo ainda mais distante.
A percepção é de que Washington não deve adotar novas medidas punitivas, a menos que o presidente Donald Trump tome alguma iniciativa fora do previsto.
O Brasil aguarda a resposta americana ao pedido de suspensão temporária da alíquota adicional de 40% — o tarifaço — e da reversão de sanções impostas a autoridades, entre elas o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O vice-secretário de Estado Christopher Landau chamou a prisão de “provocativa e desnecessária”, enquanto o secretário de Estado Marco Rubio manteve silêncio público.