Política

Bolsonaro se irrita com nova autonomia do BC, diz Agência

Presidente vem se incomodando com aumento da inflação, que pode representar uma ameaça para sua campanha

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), vem se incomodando com a nova autonomia do Banco Central (BC), por conta do aumento da inflação, que pode representar uma ameaça para suas expectativas sobre a reeleição ano que vem, disseram autoridades governamentais à Associated Press.

Durante um vôo para Brasil, na última quinta-feira (19), Bolsonaro afirmou que lamenta a assinatura do projeto de lei no início deste ano que concedeu autonomia ao banco, disse um alto funcionário a bordo à AP. Segundo um ministro que ouviu queixas à AP, o presidente ainda afirmou que gostaria de interferir na política monetária. 

A lei que protege o BC de intromissões políticas e melhora a a credibilidade econômica do Brasil entre os investidores foi aprovada em fevereiro. Nos documento, o presidente ainda nomeia o chefe do banco central, mas não pode despedi-lo por desacordos sobre política monetária.

A declaração do presidente Jair sobre o arrependimento da autonomia do BC veio em resposta a comentários feitos horas antes do Presidente do BC, Roberto Campos Neto, onde disse desejar substituir com um golpe de caneta, segundo o oficial presente. Em um evento online, organizado pelo Conselho das Américas, que o “ruído local” teve impacto nas expectativas de inflação para 2022.

“Há incerteza, ou pelo menos um nível de ruído maior, na parte institucional de como funciona o Brasil e na luta entre poderes”, disse Campos Neto, acrescentando que o mercado também entendeu que o governo busca aumentar os gastos de suas condicionais – programa de transferência de dinheiro para os pobres.

“Em outras palavras, o mercado está associando algumas das ações que o governo está tomando a uma vontade de ter um programa mais robusto, e eles estão ligando algumas das coisas que o governo está fazendo com a eleição, e acho que isso cria mais ruído ”, disse ele.

A taxa Selic de referência do banco central permaneceu em uma baixa recorde de 2% até o início deste ano. Desde então, a autoridade monetária vem elevando a Selic, mais recentemente neste mês, para 5,25%. Os economistas prevêem que chegará a 7,5% até o final do ano – o maior desde 2017. ___ Biller reportou do Rio de Janeiro.