Política

Bolsonaro se irrita com nova autonomia do BC, diz Agência

Presidente vem se incomodando com aumento da inflação, que pode representar uma ameaça para sua campanha

Bolsonaro se irrita com nova autonomia do BC
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), vem se incomodando com a nova autonomia do Banco Central (BC), por conta do aumento da inflação, que pode representar uma ameaça para suas expectativas sobre a reeleição ano que vem, disseram autoridades governamentais à Associated Press.

Durante um vôo para Brasil, na última quinta-feira (19), Bolsonaro afirmou que lamenta a assinatura do projeto de lei no início deste ano que concedeu autonomia ao banco, disse um alto funcionário a bordo à AP. Segundo um ministro que ouviu queixas à AP, o presidente ainda afirmou que gostaria de interferir na política monetária. 

A lei que protege o BC de intromissões políticas e melhora a a credibilidade econômica do Brasil entre os investidores foi aprovada em fevereiro. Nos documento, o presidente ainda nomeia o chefe do banco central, mas não pode despedi-lo por desacordos sobre política monetária.

A declaração do presidente Jair sobre o arrependimento da autonomia do BC veio em resposta a comentários feitos horas antes do Presidente do BC, Roberto Campos Neto, onde disse desejar substituir com um golpe de caneta, segundo o oficial presente. Em um evento online, organizado pelo Conselho das Américas, que o “ruído local” teve impacto nas expectativas de inflação para 2022.

“Há incerteza, ou pelo menos um nível de ruído maior, na parte institucional de como funciona o Brasil e na luta entre poderes”, disse Campos Neto, acrescentando que o mercado também entendeu que o governo busca aumentar os gastos de suas condicionais – programa de transferência de dinheiro para os pobres.

“Em outras palavras, o mercado está associando algumas das ações que o governo está tomando a uma vontade de ter um programa mais robusto, e eles estão ligando algumas das coisas que o governo está fazendo com a eleição, e acho que isso cria mais ruído ”, disse ele.

A taxa Selic de referência do banco central permaneceu em uma baixa recorde de 2% até o início deste ano. Desde então, a autoridade monetária vem elevando a Selic, mais recentemente neste mês, para 5,25%. Os economistas prevêem que chegará a 7,5% até o final do ano – o maior desde 2017. ___ Biller reportou do Rio de Janeiro.