O presidente Jair Bolsonaro será o primeiro no cargo, desde o Plano Real, a deixar o salário mínimo valendo menos do que quando entrou. Nesse período, nenhum outro governante, seja no primeiro ou segundo mandato, entregou um valor que tenha perdido poder de compra.
De acordo com a Tullett Prebon Brasil, a perda será de 1,7% no governo Bolsonaro. Esse número, inclusive, ainda pode piorar caso a inflação acelere mais do que o previsto pelo Boletim Focus, do Banco Central.
As previsões vêm sendo revisadas para cima há 16 semanas. O piso salarial cairá de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37 entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022, descontada a inflação.
Vale salientar que o salário mínimo está na Constituição brasileira que o protege de perdas do poder de compra, sendo obrigatória a recomposição da inflação.
A nível de comparação, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aumentou, em dois mandatos, o salário mínimo de R$ 438,90 para R$ 662,32, uma variação de 50,90%. Já a variação do ex-presidente Lula foi de 57,83%, saltando de R$ 659,94 para R$ 1.041,61 em dois mandatos.
Já a presidente Dilma aumentou de 1.041,07 para R$ 1.173,05, uma alta de 12,67%, enquanto no Governo Temer o salário pulou de R$ 1.175,25 para R$ 1.213,84, variação positiva de 3,28%.
Fatores que explicam a perda inédita no Governo Bolsonaro
O ajuste fiscal é um desses fatores, por conta do peso do salário mínimo na indexação do Orçamento da União, ou seja, reajustes no piso têm impacto em uma gama de outras despesas, como benefícios sociais e gastos com Previdência.
Outro fator que explica essa perda é a aceleração da inflação. Como os índices de preços estão ficando mais altos de um ano para o outro, a reposição da inflação passada que o governo vem promovendo não garante a preservação total do poder de compra do salário mínimo.
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Não houve reajuste do piso acima da inflação nos últimos três anos, período em que Bolsonaro governou o país. O último ocorreu em 2019, quando a regra de correção ainda prevalecia. Ela considerava a inflação mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes.