O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Brasil já está de “pé” e foi encerrado o crescimento em “V”. A autoridade destacou que nunca havia mencionado que o país iria continuar em “V”, e que suas perspectivas para o próximo ano são promissoras com o aumento dos juros para conter a inflação e os possíveis investimentos após as reformas. As afirmativas foram ditas durante uma entrevista ao Canal Livre da Rede Bandeirantes.
Na visão de Guedes, o país irá encerrar o ano com crescimento de cerca de 5%. Até o momento, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acumula um avanço de 3,9%. Além disso, ele declarou: “Déficit fecha o ano em menos de 1% do PIB”.
No que diz respeito ao Banco Central (BC), foi dito que a inflação é responsabilidade da instituição e que a alta dos juros é temporária. A taxa básica de juros (Selic) foi reajustada pelo BC para 9,25% ao ano, sendo o maior patamar em quatro anos. Um dos pontos que deve ser considerado, na visão da autoridade, é que os investidores enxergam 10, 15 anos à frente, com isso, devem ser confirmadas as estimativas para os investimentos no país. “O que sustenta previsão (de crescimento) mais otimista são os investimentos”.
Os bancos centrais ao redor do mundo estão “dormindo”, na perspectiva de Guedes. “BC dos EUA atua com retardamento e governo Biden vai acabar de forma desastrosa”, disse ele enquanto defendia as movimentações de Roberto Campos Neto, presidente do BC do Brasil. “Confio muito no Campos Neto e acho que ele move (juros) mais rápido do que outros”.
O aumento da inflação é “esfriado” com a elevação dos juros, que encarece o custo do crédito. O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) avançou 0,95% em novembro, a maior variação para o mês desde 2015. No ano, o indicador acumula uma alta de 9,26%.
Orçamento e PEC dos Precatórios
O ministro frisou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios não é abre espaço para um calote, mas tem o objetivo de evitar um. Diante da atual conjuntura do país, na visão de Guedes, a adaptação do teto de gastos é algo razoável e compreensível.
O teto de gasto é um tema que volta e meia ocupa espaço nos noticiários. A ideia de um “furo” no teto traz dúvidas para os mercados, tanto nacional quanto internacional, provocando receio em investidores que podem evitar realizar aportes no país, o que deve prejudicar o crescimento econômico.
O ministro defendeu a PEC dos Precatórios. “Não furamos o teto, sincronizamos o teto com as despesas”. E destacou que houve capital extra para a política. “Ampliação do teto foi engolida; não sobrou nada pra fazer política”.
Além disso, Guedes disse que não tento flexibilizar o teto, mas gostaria de realizar o waiver — um pedido de perdão ou adiamento de uma dívida feito por países ou empresas aos portadores de bônus ou título de créditos.
Petrobras
O ministro também defendeu a privatização da Petrobras. Segundo ele, a estatal petroleira havia feito um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para vender oito refinarias, mas só se desfez de duas.
A Petrobras adotou uma política de desinvestimento, que foi vista com muita força no início do ano, mas desacelerou o ritmo das vendas no decorrer de 2021. A empresa tem potencializado seus lucros e suas operações.