Política

Brasil responde a Trump e diz que trabalhará apenas as ‘convergências’ 

A secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores respondeu à declaração do republicado de que os EUA não precisam do Brasil

Donald Trump/ Foto: Divulgação
Donald Trump/ Foto: Divulgação

Após a declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, de que o país não precisa do Brasil e da América Latina e sim o contrário, a secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, disse nesta terça-feira (21) que o País analisará as declarações do republicano. Porém, que o governo buscará trabalhar “não as nossas divergências, mas as nossas convergências”.

“O presidente Trump pode falar o que ele quiser, ele é presidente eleito nos Estados Unidos e nós vamos analisar cada passo das decisões que forem sendo tomadas pelo novo governo. Mas acredito que, como somos um povo que acredita, que tem fé na vida, que tudo vai dar certo sempre. Nós vamos procurar trabalhar não as nossas divergências, mas as nossas convergências, que são muitas”, declarou ela.

Maria Laura Rocha está à frente da pasta temporariamente, enquanto o ministro Mauro Vieira está fora. 

As declarações foram registradas em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, com intuito de anunciar que André Corrêa do Lago será o presidente da Conferência do Clima (COP30) de Belém (PA).

Também participaram o próprio presidente do evento e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Trump tem ideias contrárias às do Brasil para a América Latina

Em meio a um novo mandato de Donald Trump, com o republicano ainda mais forte do que em sua primeira gestão, o diplomata Rubens Ricupero observa o cenário e acredita que ele não é animador para o Brasil, mesmo que o país não esteja entre as prioridades do novo chefe da Casa Branca.

Na perspectiva do ex-embaixador brasileiro nos EUA e ex-ministro da Fazenda, Trump tem planos para a América Latina que vão contra as ideias do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esse cenário poderá colocar os dois países em rota de colisão e demandará do Brasil cautela a fim de evitar desgastes.

À medida que o Brasil tem buscado uma política de convergência e apaziguamento das tensões na Venezuela — tentando promover, mesmo que sem sucesso, uma eleição transparente no país vizinho —, os EUA, sob a gestão de Trump, devem adotar uma postura combativa em relação a países do continente, sobretudo aqueles que possuem divergências ideológicas.

“O governo Trump vai apertar Venezuela, Cuba e Nicarágua. Ele terá na América Latina uma simpatia maior por governos como o do [presidente Javier] Milei, na Argentina. Será uma atenção à América Latina diferente da visão do governo brasileiro”, disse Ricupero, de acordo com o Valor.