O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse nesta segunda-feira (11) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai buscar uma “alternativa” à instalação da CPI da Braskem (BRKM5), cuja criação foi aprovada no Senado
A estratégia do presidente será a de conversar com autoridades e “atores” envolvidos na tragédia do colapso de uma mina de sal-gema em Maceió (AL) para evitar o prosseguimento da Comissão.
“O líder [Jaques] Wagner está cuidando disso, vai buscar conversar com todos os atores envolvidos e o presidente da República também se vai reunir com todos os atores envolvidos. Ele [Lula] vai primeiro conversar com todos os atores para ter uma alternativa [à CPI]”, disse Randolfe à imprensa.
A Defesa Civil de Maceió confirmou que a mina 18 da Braskem, no bairro do Mutange, sofreu um rompimento no domingo (10). O rompimento ocorreu por volta das 13h15, sendo identificado em uma seção da Lagoa Mundaú, conforme evidenciado por imagens divulgadas pelas autoridades. Como resultado da ruptura, a água da lagoa está se infiltrando na mina. Ninguém ficou ferido.
O fato, que tem ligação com o afundamento do solo de cinco bairros da capital e já tirou 40 mil pessoas de suas casas, agrava a crise da petroquímica em Alagoas e começa a afetar a Petrobras (PETR4), dona de 36,1% da companhia colocada à venda pela Novonor (ex-Odebrecht).
Braskem: crise em Maceió afasta interessados na empresa
Se já estava difícil antes, a crise ambiental em Maceió (AL) inviabilizou de vez as chances de surgir um novo concorrente à aquisição da Braskem, que agora só tem um interessado, segundo o jornal “O Globo”.
De acordo com a publicação, a Unipar (UNIP6), uma das maiores petroquímicas do país, e a J&F, holding controlada pela família Batista, não estão mais na disputa pela companhia.
Além da saída da Unipar e da J&F, o fundo de private equity americano Apollo Global Management já havia deixado o negócio há alguns meses. Hoje, está na disputa apenas a Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), a estatal de petróleo de Abu Dhabi que, segundo fontes, tenta uma negociação com a Petrobras.
A petroquímica é uma sociedade entre a Petrobras e a Novonor (ex-Odebrecht). Esta última é a controladora e foi quem colocou a Braskem à venda. As propostas das duas empresas venceram e, com as incertezas atuais, não deverão ser reapresentadas, segundo fontes.
De acordo com o jornal, por conta da crise na capital alagoana, uma possível futura venda da Braskem poderá ocorrer somente em 2025, tendo em vista que a empresa pode se tornar alvo de uma CPI e de novos processos judiciais.
Segundo fontes, o principal entrave de todas as negociações, cujas ofertas chegaram a R$ 10,5 bilhões, envolve justamente Maceió. Um alto executivo envolvido na operação disse que a “solução completa” para as incertezas em Maceió é uma das pré-condições para a aquisição avançar. É, por isso, que todas as ofertas até hoje foram “não-vinculantes”.
Na prática, significa que não são ofertas firmes. Uma fonte entre os acionistas da Braskem admite que o cenário hoje “é desafiador”.
“Quem está olhando a Braskem, sabe o problema, mas há incerteza, pois há uma preocupação que possam ocorrer mais indenizações. E ainda há também discussões envolvendo o Estado que ainda não estão fechadas. Esse é um processo que ainda está ocorrendo”, disse uma fonte ouvida pelo “O Globo”.