Durante a cúpula do BRICS, apesar dos esforços dos presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve posição contrária à entrada da Venezuela e Nicarágua.
Ao argumentar a favor da Venezuela, Putin disse que o país “luta pela sua soberania” e que avisou a Lula, por telefone, que discorda da posição do petista. O presidente russo, porém, ressaltou que a adesão da Venezuela dependia de um consenso, ou seja, do apoio do Brasil.
O regime do presidente Nicólas Maduro, que chegou de surpresa na cúpula do BRICS, reagiu ao veto do Brasil, chamando-o de “gesto hostil” e “agressão”. Maduro, por sua vez, deixou de cumprimentar em público a delegação de Brasília.
“A Venezuela contou com o respaldo e apoio dos países participantes nesta cúpula para a formalização de sua entrada neste mecanismo de integração, mas a representação da chancelaria brasileira, liderada pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, decidiu manter o veto que (o ex-presidente Jair) Bolsonaro aplicou contra a Venezuela durante anos”, declarou o Ministério das Relações Exteriores venezuelano em comunicado.
De acordo com o Itamaraty, entre as condições avaliadas para a adesão ao grupo, estavam relevância política, equilíbrio na distribuição regional dos países, alinhamento à agenda de reforma da governança global, inclusive do Conselho de Segurança da ONU, rejeição a sanções não autorizadas pelas Nações Unidas no âmbito do conselho, e relações “amigáveis” com todos os membros.
A cúpula do Brics confirmou que fará o convite a 13 países: Turquia, Indonésia, Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.
Brics: por que o Brasil vetou a Venezuela e a Nicarágua?
A boa relação entre a Venezuela e o governo Lula parece ter chegado ao fim desde que o presidente petista se negou a reconhecer o resultado das eleições que manteve Maduro no poder.
Em entrevista, Lula afirmou que Maduro precisa “dar uma explicação ao mundo” devido às suspeitas que envolvem o processo eleitoral. O petista chegou a sugerir a possibilidade de uma nova eleição com supervisão internacional.
“O Maduro tem seis meses de mandato ainda. Se ele tiver bom senso, poderia conclamar o povo, quem sabe convocar novas eleições”, declarou Lula, reconhecendo uma “deterioração” nas relações com o governo venezuelano. “A legitimidade do resultado é o que permitiria que a gente brigasse contra as sanções à Venezuela”, acrescentou.
Já com a Nicarágua, as relações azedaram desde o ano passado, mas a crise chegou ao pior ponto em agosto, depois de o governo sandinista de Daniel Ortega expulsar o embaixador brasileiro. Em resposta, o Brasil expulsou a embaixadora nicaraguense do País