Política

Campos Neto: inflação do Brasil está um pouco pior

A inflação atingiu 4,24% em 12 meses até agosto, acelerando pela terceira quinzena seguida e superando as previsões do mercado

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que os dados de inflação mais recentes pioraram. No entanto, salientou que a autoridade monetária não se fia apenas na leitura isolada de índices para moldar suas decisões de política monetária.

“Recentemente até tivemos um número de inflação um pouquinho pior, muito carregado em elementos voláteis”, disse Campos Neto, em um evento do think thank EsferaBR neste sábado (26), segundo o “Infomoney”.

“Mas a gente não se comporta com dados de tempo real. Então, a gente olha isso(a inflação) como uma tendência”, completou.

A inflação atingiu 4,24% em 12 meses até agosto, acelerando pela terceira quinzena seguida e superando as previsões do mercado.

No começo do mês, o Banco Central começou um ciclo de afrouxamento com um corte na taxa básica de juros de 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano, sinalizando mais do mesmo para reuniões futuras, enquanto membros do conselho chamaram o ritmo de “apropriado”.

Campos Neto: processo inflacionário ainda não está resolvido

Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o processo inflacionário do Brasil está longe de ser resolvido, embora parte dos serviços tenha começado a cair. Em palestra na 24ª conferência anual do Santander (SANB11) Brasil, o economista relembrou os problemas desencadeados pela pandemia e que ainda perduram.

Foram injetados na economia US$ 9 trilhões em incentivos fiscais e monetário, para uma economia global de US$ 80 trilhões. “A gente entendia que ia ver uma inflação um pouco mais persistente”, afirmou.

“Na verdade, o dinheiro colocado em circulação e o estímulo foi tão grande que fez se criasse um excesso de poupança por um prazo longo. E quando estimulou a demanda de bens, estimulou também a demanda de energia. Então, teve uma inflação de bens junto com a inflação de energia, que depois se agravou com a guerra (na Ucrânia)”, explicou.

Todos os Bancos Centrais subiram os juros no período pós-pandema e só agora a inflação global começa a cair. “Mas quando a gente olha os núcleos de inflação, eles estão bastante persistentes”, disse.