Política

Campos Neto nega que queda da Selic teria efeito imediato no crédito

Segundo Campos Neto, o efeito inclusive pode ser o contrário caso o movimento não for feito com credibilidade

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (25) que uma queda na taxa Selic não teria efeito imediato no volume das concessões de crédito no País. De acordo com Campos Neto, o efeito inclusive pode ser o contrário caso o movimento não for feito com credibilidade.

“Apenas 2,2% do crédito roda com Selic. Eu determino os juros de 1 dia e a economia não gira no juro curto. Se eu não tiver credibilidade, os demais juros vão subir. Não necessariamente reduzir o juro curto abaixa o juro longo. Por isso preciso fazer os movimentos no timing correto para a queda se propagar na curva”, disse o presidente do BC, em audiência pública na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.

Além disso, Campos Neto reafirmou nesta terça-feira que o aumento do crédito direcionado reduz a potência da política monetária. Segundo ele, é por isso que o BC precisa aumentar mais os juros do que outros países com inflação semelhante.

“O Brasil tem um volume de crédito direcionado de 40,3%, nenhum outro país do mundo tem isso. Quando tenho muita meia-entrada, o preço da entrada inteira aumenta. Em países emergentes a média do crédito direcionado é de 3% ou 4%. O crédito direcionado funciona como ‘tubo entupido’ para política monetária”, argumentou.

Campos Neto ainda alegou que a taxa real de juros do Brasil é semelhante à de outros países. “É verdade que a taxa real do Brasil é mais alta que outros países, mas não é verdade que seja mais alta só agora. Ela está inclusive abaixo da média desse diferencial no passado”, acrescentou.

Campos Neto : “Economia não gira em torno da Selic”

Na semana passada, o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, rebateu as críticas em torno da elevada taxa de juros praticadas no Brasil. Ao ouvir de um empresário na Lide Brazil Conference, ocorrida na última sexta-feira (21), que o atual patamar de juros básico, hoje em 13,75% ao ano,  atrapalha o País a crescer, Campos Neto respondeu que só 20% do crédito é ligado à Selic, sendo o restante ligado a taxas longas. “Obviamente, o Banco Central quer cair o juro”, disse.

“Se a gente não conseguir fazer um movimento na Selic com credibilidade, a taxa longa não cai”, justificou. “O que move o Brasil não é a taxa de juros de um dia, é a taxa de juros de três, cinco, dez anos. Para fazer com que a queda da Selic gere um movimento de queda prolongada de juros, precisa ter credibilidade. O Banco Central está esperando o melhor momento para fazer para que isso tenha um ganho real para as pessoas. A economia não gira na Selic”, argumentou Campos Neto.

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