O ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, se filiou ao PSDB, na manhã desta quarta-feira (22), e teceu duras críticas ao PT, partido do presidente Lula. Ciro ficou dez anos no PDT e anunciou a saída do partido na semana passada.
A cerimônia de filiação aconteceu no hotel Mareiro, na Avenida Beira Mar, em Fortaleza, e marcou o retorno ao partido tucano, em meio à articulação por sua candidatura ao governo do Ceará em 2026.
O presidenciável nas duas últimas eleições fez críticas à gestão do atual governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), quanto à do presidente Lula (PT). Estiveram presentes na cerimônia políticos e líderes estaduais do PL, União Brasil, Cidadania e Avante, sobretudo o deputado federal André Fernandes (PL) e o ex-deputado federal Capitão Wagner (União Brasil).
Em referência direta a Fernandes, Ciro agradeceu a presença do parlamentar na ocasião e afirmou que ambos nutrem “algumas desavenças que serão resolvidas fraternalmente”.
Ao ser abordado por jornalistas na chegada do evento, o parlamentar afirmou ter expectativas de que Ciro se candidate ao governo do Estado no ano que vem. “Espero que, de fato, que aconteça essa candidatura [de Ciro ao governo do Ceará] e que a oposição esteja unida em 2026”, disse Fernandes.
O ex-deputado Capitão Wagner, antigo adversário de Ciro no estado, também esteve presente no evento e pregou, durante entrevista, no dia anterior, ao portal local Notícia do Ceará, que também se mantém a favor de uma aliança que una a oposição no estado no ano que vem e que pode ser construída em torno do nome do ex-governador.
Críticas ao PT
Durante discurso, Ciro fez duras críticas ao PT. “O Brasil se encontra perdido, liderado por uma gente sem honra e que decidiu não unir o Brasil”, disse. “Fui chegando aqui hoje e encontrando a comunidade cearense que, como nós, está insatisfeita com o abandono, descaso e a corrupção promovidos pelo PT aqui no estado do Ceará.
Ciro manteve tom crítico ao partido em fala ao citar índices de informalidade e políticas públicas de “clientelismo”, além dos índices de criminalidade e números referentes à população em situação de rua no país.
Ele também afirmou que a aproximação do PDT com o PT, tanto no estado quanto na base do governo, foi motivo de sua recente insatisfação dentro da sigla. Ciro também demonstrou descontentamento com o processo de “fritura” enfrentado pelo presidente nacional da sigla, o ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, em caso da crise do INSS.
Futuro do PSDB
Caracterizando seu retorno ao ninho tucano como um “recomeço de sua vida pública”, Ciro disse que a atual gestão federal é “a mais corrupta da história”. E acrescentou: “Acha que eu estou exagerando? Desafio qualquer petista a me contestar. Nós esculhambamos o [ex-presidente Jair] Bolsonaro quando ele começava a liberar emendas na faixa de R$ 30 bilhões por ano. Pois bem, o Lula já liberou este ano R$ 63 bilhões para a roubalheira generalizada”.
Creditada durante todo o evento desta quarta-feira (22) como resultado de uma articulação feita pelo ex-governador e ex-senador Tasso Jereissati (PSDB), antigo aliado de Ciro, a filiação acontece diante da tentativa de ressuscitar o partido, após período de esvaziamento da sigla.
A crise no PSDB foi intensificada neste ano com a desfiliação dos três últimos governadores: Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul, Raquel Lyra, de Pernambuco, que seguiram em direção ao PSD, enquanto Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul, optou pelo PP.