Os economistas do mercado financeiro reduziram, no relatório Focus, a estimativa de inflação de 2023, que passou de 5,95% para 5,93%, ao mesmo tempo em que também elevaram, outra vez, a expectativa para 2024.
As informações foram divulgadas na segunda-feira (22), pelo Banco Central. Sendo assim, para este ano, a meta central de inflação foi fixada em 3,25% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Dessa forma, com a redução da projeção da inflação para este, o questionamento que fica é se podemos esperar uma queda de juros ainda no segundo semestre de 2023.
Para o especialista em investimentos e sócio da GT Capital, Robson Casagrande, podemos sim esperar uma queda de juros nesse período. Entretanto, pontuou que ela deve ocorrer de forma lenta e na segunda metade do semestre.
“Apesar da expectativa de inflação ter caído, ela ainda está distante da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)”, ponderou o especialista.
Além disso, o advogado e mestre em Direitos Humanos e Comentarista Político, Cesar Beck, pontuou que a expectativa do Ministério da Fazenda é que a inflação mesmo caindo voltará apenas para a meta no ano que vem, onde se espera que o Brasil tenha uma inflação de 3,52%.
O que impulsionou a revisão da projeção da inflação?
Casagrande destacou que a melhora na projeção de inflação ocorreu em grande parte pelo alívio nos preços de commodities e pela queda do valor da gasolina e das tarifas aéreas.
Para Beck o preço dos combustíveis é determinante para a projeção da inflação. Tendo em vista que, ele afeta apenas carros e motos, como também impacta diretamente a cadeia produtiva que depende da logística rodoviária que é impulsionada pelo diesel, explicou.
O que pode impulsionar a queda da taxa de juros?
Questionado sobre os fatores que podem colaborar para vermos o juros cair efetivamente, o especialista em investimentos ressaltou que o principal elemento é a desaceleração inflacionária no núcleo de serviços. Contudo, Casagrande destacou que poderá ocorrer uma pressão por parte do governo para que o CMN reduza a inflação meta, assim abrindo caminho para uma queda na Selic.
Por outro lado, o sócio da Matriz Capital, Elcio Cardozo, destacou que o arcabouço fiscal é um fator que pode colaborar para a queda de juros, visto que ele vem para cumprir essa função de trazer previsibilidade para as contas públicas. “O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sempre deixou claro que era necessário uma nova regra fiscal que trouxesse previsibilidade no orçamento público”, afirmou Cardozo.
Para o advogado, os juros podem cair timidamente esse ano, 0,25pp ou 0.50pp, sendo o primeiro valor o mais plausível.
Crescimento do PIB
Em relação ao leve crescimento da previsão do PIB, Casagrande acredita que não deve continuar, visto que a melhora na projeção do PIB para 2023 ocorreu graças aos fortes resultados do setor agrícola e da indústria extrativa. Entretanto, destacou que, o que determinará um crescimento real do PIB é a condição financeira. “Ainda estamos com juros reais acima de 7%a.a, um crescimento da inadimplência e com a população cada dia mais endividada”.
Em contrapartida, Cesar Beck acredita que o PIB irá crescer nos próximos trimestre, caso a demanda externa melhore e os principais parceiros comerciais do Brasil voltem a crescer aceleradamente.
“Esse ano, o Brasil fechou diversos acordos com a China, nosso principal parceiro econômico, e isso pode influenciar na crescente do PIB nacional”, ressaltou o advogado.