
Depois de passar o dia aguardando que fosse agendado um encontro com algum membro do governo norte-americano, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desistiu de esperar, encerrou sua agenda nos EUA e deve retornar ao Brasil nesta terça-feira (29).
A informação foi dada à rede CNN por fontes do Itamaraty. O chanceler brasileiro foi para os Estados Unidos participar de uma reunião informal da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA).
O encontro aconteceu na cidade de Nova York. O chanceler brasileiro também teve três reuniões bilaterais nesta terça: com o primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Mustafa; o chanceler da Jordânia, Ayman Safadi; e a ministra dos Negócios Estrangeiros e da Integração Africana do Senegal, Yassine Fall.
Antes da chegada do chanceler, o governo Lula havia informado as autoridades americanas sobre a ida do ministro aos Estados Unidos, e sobre a disposição em discutir o tarifaço de Trump.
O tarifaço de 50% em cima do Brasil foi prometido pelo governo Trump para entrar em vigor a partir da próxima sexta-feira, 1º de agosto.
Mauro Vieira encontrou as portas fechadas
Até aqui, o governo brasileiro tentou dialogar por diversos canais institucionais e encontrou portas fechadas em quase todas as tentativas.
Não foi diferente agora o cenário encontrado pelo ministro das Relações Exteriores durante sua estadia nos EUA. O Itamaraty chegou a reforçar com a diplomacia na Casa Branca a “reiterada disposição de negociar”, mas não houve sinalização de que Vieira seria recebido por alguém do governo.
A princípio, o governo Lula colocou como condição para que o chanceler fosse a Washington que houvesse uma sinalização de abertura dos americanos ao diálogo, pois não bastava só um lado querer negociar.
Não houve, entretanto, uma resposta positiva do governo Trump. Fontes do governo americano afirmaram à CNN que não havia nenhuma reunião prevista de membro do governo com o chanceler.
Com as portas fechadas e qualquer tentativa de diálogo frustrada, o ministro das Relações Exteriores teria decidido não esperar até a quarta-feira (30) para retornar ao Brasil.
Senadores ainda tentam diálogo nos EUA
Já a comitiva de senadores que chegou aos Estados Unidos no último domingo (27) segue buscando manter contato com empresários e parlamentares norte-americanos.
Segundo o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), os encontros mantidos pela comitiva têm o objetivo de abrir portas, intensificar o diálogo e conversar para buscar soluções sem abdicar da defesa da soberania nacional.
A missão oficial do Senado, composta por oito parlamentares, iniciou nesta segunda (28) as primeiras reuniões para estabelecer diálogos em prol do fim da guerra tarifária.
“Se você perguntar: tem expectativa imediata? Imediata, não, mas a política é isso mesmo. A gente sai para pescar todo dia, nem todo dia pesca um bom peixe. Mas, se não sai para pescar, não leva peixe nunca. Nós estamos vindo, abrindo portas, conversando”, declarou Jaques Wagner a jornalistas ao sair de um encontro com empresários.
O senador baiano ressaltou que a missão é um processo contínuo: “Estamos fazendo o serviço completo. Falamos com os empresários ontem, aqui vamos falar com a classe política. Estamos acumulando conquistas, abrindo diálogos, fazendo networking”, disse o senador.
Jaques Wagner é um dos oito senadores que estão nos EUA participando desta missão oficial. Os outros senadores são Carlos Viana (Podemos-MG), Rogério Carvalho (PT-SE), Nelsinho Trad (PSD-MS), Esperidião Amin (PP-SC), Teresa Cristina (PP-MS), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Fernando Farias (MDB-AL).
Wagner disse que após conversar com empresários, os senadores vão se encontrar ainda com a classe política.
“Estivemos com um democrata, vamos falar com um republicano”, explicou.
“Tem que ser um jogo combinado empresários e a política, e tem que coçar no bolso, tem que falar com as empresas americanas que elas vão perder”, completou o senador Jaques Wagner.
A missão de senadores brasileiros segue até quarta (30) nos Estados Unidos, quando pela manhã os parlamentares participarão de coletiva de imprensa na Embaixada do Brasil em Washington, para fazer um balanço da missão.