Kamala Harris escolheu o governador do estado de Minessota Tim Walz como vice-preisdente na chapa que disputará as eleições dos EUA em novembro.
O tom afável de Walz e capacidade de responder a Donald Trump de forma eficaz e sem recorrer à agressividade foram algumas das características que chamaram a atenção de Harris, disseram analistas.
Em entrevista à MSNBC, ao responder sobre os discursos de divisão usados por Trump e o seu candidato a vice, J.D. Vance, Walz afirmou não gostar do que estava acontecendo.
“Quando você não pode nem ir ao jantar de Ação de Graças com seu tio porque acaba em uma briga estranha (…) desnecessária”, comentou, completando: “Bem, é verdade. Esses caras são simplesmente estranhos.”.
Esta fala foi uma das responsáveis por fazê-lo subir no ranking de favoritos para compor a chapa democrata que disputará a presidência. Outros políticos, incluindo Kamala Harris, passaram a utilizar o termo “estranho” para se referir à dupla de republicanos.
Apesar de ser do Minessota, que não é decisivo para as eleições norte-americanas, a expectativa é de que o governador tenha apelo em estados-chave, como Wisconsin e Michigan.
Candidato a vice de Kamala Harris é professor e ex-militar
Tim Walz nasceu em cidade pequena a zona rural de Nebraska e se alistou na Guarda Nacional do Exército logo após encerrar o ensino médio. Ele se formou em ciências sociais no ano de 1989 e foi professor de escola pública e técnico de futebol, atuações que faz questão de destacar nas redes sociais.
“Como ex-técnico de futebol do ensino médio, esta época do ano sempre traz boas lembranças. Boa sorte a todos os times do ensino médio de Minnesota ao terminar a temporada!”
“Como ex-professor e treinador de futebol, sei o quanto nossos educadores trabalham pelos nossos alunos. Neste #DiaMundialDoProfessor, vamos agradecê-los trabalhando para financiar integralmente nossas escolas públicas. Devemos fazer isso!”.
Como técnico do Mankato West High School, Walz ajudou a construir um programa de futebol americano que levou a escola ao seu primeiro campeonato estadual.
Na época, também se tornou conselheiro do corpo docente para a “aliança gay-hétero” da escola, num período em que a homossexualidade era amplamente desaprovada.
Vida política
Em 2004, ele acompanhou dois de seus alunos a um comício da campanha de George W. Bush, mas as crianças — democratas usando adesivos de John Kerry — foram consideradas uma “ameaça ao presidente” e solicitadas a sair.
Irritado com o incidente, Walz se ofereceu como voluntário na campanha presidencial de Kerry, o que lhe rendeu os contatos que o levaram à sua primeira candidatura ao Congresso em 2006.
Ele concorreu em um distrito predominantemente agrícola que se estende pelo sul de Minnesota, que é bastante rural e de tendência republicana. Walz fez campanha como um moderado que se importava com o serviço público e a defesa dos veteranos.
Ele Conseguiu uma reviravolta eleitoral e venceu a disputa. Depois disso, venceria a eleição para deputado mais cinco vezes.
Como governador, Walz sancionou um orçamento de educação de US$ 2,3 bilhões – o maior investimento em educação pública na história do estado de Minnesota.
Em seus dois mandatos, foi estabelecida a liberdade reprodutiva rígida e forma ampliadas as proteções para indivíduos trans e os cuidados de afirmação de gênero como direitos fundamentais. O governador também proibiu a prática da “terapia de conversão” e encerrou a proibição de livros com base na ideologia.
Mas ele também proibiu o uso de telefones celulares portáteis no trânsito e aumentou a idade mínima para comprar cigarros para 21 anos.
Foi durante sua gestão que aconteceram os protestos pelo assassinato de George Floyd, cometido pela polícia de Minneapolis. Na época, Walz defendeu mudanças na legislação para conter o que ele chamou de “racismo sistêmico”.