Crise de logística

COP30 passa de trunfo a obstáculo para Helder ocupar a vice de Lula em 2026

Principal nome do MDB para compor chapa em 2026, governador se desgasta com problemas logísticos na organização do evento

Helder Barbalho, governador do Pará, durante a Expert XP 2023 (Divulgação)
Helder Barbalho, governador do Pará, durante a Expert XP 2023 (Divulgação)

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), tem perdido força como um dos nomes cotados pelo partido para ocupar uma eventual vaga de vice na chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.

Antes vista como vitrine política, a COP30, marcada para novembro em Belém, transformou-se em obstáculo diante dos problemas logísticos e de infraestrutura, principalmente ligados à rede hoteleira.

MDB dividido

Helder integra a tríade de emedebistas avaliados para a vice — ao lado de Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento). Apesar das especulações, aliados dizem que Helder nega pretensão de ser vice e que planeja disputar uma das vagas ao Senado, hoje ocupada por seu pai, Jader Barbalho (MDB-PA).

Na semana passada, Lula reuniu lideranças do MDB no Planalto, como Renan Filho, Jader Filho (Cidades), Eduardo Braga (AM) e Isnaldo Bulhões (AL).

Segundo participantes, Lula cogitou até a hipótese de Geraldo Alckmin disputar o governo de São Paulo em 2026, deixando a vice para outro nome — de preferência alguém com perfil semelhante a José Alencar, seu vice nos dois primeiros mandatos.

Gargalos na COP30

A menos de 100 dias do evento, Belém enfrenta sérias limitações de hospedagem. Segundo o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, os valores de diárias podem aumentar até 15 vezes no Pará, enquanto em outras edições do evento costumavam apenas dobrar ou triplicar.

Além disso, a família Barbalho enfrenta desgaste político. Em março, o ministro Flávio Dino, do STF, autorizou investigação sobre o deputado Antônio Doido (MDP-PA), aliado da família, suspeito de irregularidades em contratos públicos do governo do Pará.

Entre eles, uma licitação de R$ 142 milhões para obras no Canal do Bengui, listadas como parte da infraestrutura da COP30. O governo estadual diz que o certame foi cancelado antes de qualquer pagamento.

Disputa interna

Apesar dos problemas, Helder ainda é visto como figura de peso no MDB: o Pará tem o maior diretório estadual da sigla, com nove dos 43 deputados da bancada na Câmara. Essa força interna pesa em qualquer negociação para compor a chapa de Lula.

Renan Filho, por sua vez, tem sinalizado que deixará o ministério em abril para ficar disponível ao partido, e pode concorrer ao governo de Alagoas.

Já Simone Tebet evita assumir pretensão, mas em discursos recentes tem reforçado tom político e dito estar “energizada” para 2026.

Interlocutores avaliam que seu nome ganharia ainda mais relevância caso Michelle Bolsonaro seja candidata à Presidência pelo bolsonarismo, por atrair eleitorado feminino.

Posição das lideranças

O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga, afirma que a bancada tende a apoiar Lula, mas ressalta que “o alinhamento não é automático”.

Já o líder na Câmara, Isnaldo Bulhões, diz que a definição sobre quem pode ocupar a vice dependerá de pesquisas e da necessidade política da chapa.