Política

Copom: analistas dão como certo corte de 0,5% na Selic

Expectativa é de mais um corte, mas cenário no exterior preocupa

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), fará sua penúltima reunião do ano na terça (31) e quarta-feira (1º) desta semana. No encontro, a autoridade monetária nacional deve manter o ciclo de corte na taxa de juros, que se iniciou em agosto.

A expectativa de analistas ouvidos pelo BP Money é de que a nova redução na Selic seja mais uma vez de 0,5 p.p, como nas duas últimas reuniões do colegiado.

“A antecipação de um corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, que a levaria de 12,75% para 12,25%, sinaliza que o Banco Central ainda percebe uma margem para estímulos monetários”, avalia o CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo.

“No comunicado, é esperado que o BC mantenha o discurso de uma decisão compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025”, acrescentou o planejador financeiro, especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital, Renan Suehasu.

Entre os fatores que colaboram com a visão dos especialistas, estão os dados de inflação que têm vindo positivos nos últimos meses.

Exterior preocupa

Embora seja consenso mais um corte de 0,5% na Selic, ainda há um temor em relação ao cenário econômico do exterior. As incertezas da guerra entre Israel e Hamas e da taxa de juros nos EUA, começam a causar ruídos no mercado.

O economista, planejador financeiro CFP®️ e sócio-fundador da GT Capital, Rodrigo Azevedo, é mais um que acredita que os cortes na taxa de juros se mantenham no mesmo patamar nas duas últimas reuniões do ano, mas ele alerta que para 2024, o cenário começa a se tornar incerto.

“O que vimos nas últimas semanas foi o mercado começando a divergir quanto ao ritmo dos cortes no próximo ano e principalmente a respeito da Selic ao fim deste ciclo de corte de juros, com as principais casas no boletim FOCUS falando em cerca de 9% e o mercado futuro de juros precificando algo próximo de 11% de taxa terminal”, iniciou.

“Esse movimento se deu principalmente por fatores externos. Após a última reunião do Copom, vimos os conflitos e guerras se intensificando e uma forte elevação dos juros longos nos EUA, pontos que terão toda atenção do comitê junto a resiliência do crescimento doméstico e da evolução da agenda fiscal no Congresso Nacional”, pontuou.

Luiz Felippe Bazzo também acredita que as atenções dos membros do Copom deverão estar voltadas para o exterior, mais precisamente nos rumos da economia americana.

“O foco principal das discussões parece ser o posicionamento do Banco Central em relação à taxa de juros terminal, especialmente diante da recente alta dos Yields dos títulos de longo prazo americanos”, ressaltou.

Ele explica que as taxas elevadas nos EUA podem tornar os investimentos daquele País mais atraentes, levando a possíveis saídas de capitais de países emergentes como o Brasil e exercendo pressão sobre a taxa de câmbio.

“Com o mercado discutindo que o Copom possa parar os cortes com uma Selic mais próxima de 11% e, então, possivelmente esperar movimentos do FED [Federal Reserve] antes de promover novos cortes, a ata pós-reunião será de suma importância para entender as diretrizes e a visão do comitê sobre o panorama macroeconômico atual”, finalizou.