Política

Dono da Havan (HVAN3) se torna inelegível após decisão do TSE

Hang publicou vídeos “entrevistando” funcionários de sua empresa, a Havan, “induzindo a comunidade brusquense a não votar no PT”

A coligação Brusque Mais Forte, que venceu as eleições municipais em 2020 em Brusque, em Santa Catarina, foi cassada nesta quinta-feira (4) por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O prefeito Ari Vequi (MDB) e o vice Pastor Gilmar (DC), além do dono da Havan (HVAN3), Luciano Hang, ficarão inelegíveis até 2028. Em 2020, a chapa foi eleita com 25.734 votos (50,23%).

Na decisão, os ministros apontam que houve abuso de poder econômico de Luciano Hang, que resultou na quebra da isonomia das eleições. Durante o pleito, Hang publicou vídeos “entrevistando” funcionários de sua empresa, a Havan, “induzindo a comunidade brusquense a não votar no PT”. As informações são do portal Metrópoles, parceiro do BP Money.

“Nesse contexto, impõe-se ao TSE, não foi um fato isolado, mas uma sequência de fatos, uma campanha paralela feita pelo empresário da maior empresa e mais conhecida da cidade a favor de um dos candidatos”, disse Alexandre de Moraes, presidente da Corte, em seu voto.

Além disso, o ministro cita que houve tentativa de Luciano Hang de fazer confusão para o eleitor entre pessoa jurídica e pessoa física, com uma atuação estável da pessoa jurídica no processo eleitoral, tendo em vista a utilização de estratégia organizada visando esvaziar a candidatura adversárias. “Uma verdadeira campanha paralela”, finalizou.

Por 5 votos a 2, os ministros reconheceram a inelegibilidade de todos os envolvidos – Vequi, Pastor Gilmar e Hang – para as eleições nos oito anos subsequentes ao pleito de 2020.

Questionado pelo Metrópoles, Luciano Hang afirmou que apenas manifestou sua liberdade de expressão. Veja a nota na íntegra:

“Brusque é um exemplo para o nosso país. Uma cidade com pleno emprego, que acolhe milhares de pessoas de todo o Brasil em busca de oportunidades, possui a cultura empreendedora, apresenta bons índices na segurança pública e ótima qualidade de vida. Como cidadão, que nasceu e mora em Brusque (SC), manifestei a minha liberdade de expressão, expondo aquilo que achava mais apropriado para que nossa cidade continuasse seguindo nesse caminho. Por fim, foi o povo que escolheu pela continuidade da geração de empregos e da qualidade de vida em Brusque. Respeito o Tribunal Superior Eleitoral, mas tenho a convicção de que nada fiz de errado, pois sei que apenas manifestei a minha opinião como qualquer cidadão.”

Hang perde R$ 1,6 bilhão de fortuna em 2022

Luciano Hang teve sua fortuna diminuída de R$ 4,8 bilhões em 2021 para R$ 3,2 bilhões em 2022. Com isso, o empresário caiu na lista de mais ricos do mundo divulgada pela Forbes, da 586ª posição para a 905ª. No Brasil, ele saiu do top 10 e ocupa a 15ª posição.

O relatório da Forbes não indica quais são as razões para que o patrimônio líquido do bilionário tenha diminuído. No entanto, em março do ano passado, Hang e outros líderes de varejistas brasileiros realizaram críticas às lojas chinesas no Brasil. Na oportunidade, os líderes acusaram as marcas asiáticas de praticar concorrência desleal, já que não pagavam impostos.

As críticas foram direcionadas para as gigantes chinesas, Shein e AliExpress, bem como para a singapurense, Shopee e a estadunidense, Wish.

De acordo com o material entregue por Hang e que a coluna de coluna de Guilherme Seto, no jornal A Folha de São Paulo teve acesso, apenas em impostos, as varejistas internacionais digitais farão com que o Brasil deixe de arrecadar mais de R$ 60 bilhões em 2022, e ultrapassará R$ 100 bilhões, já em 2023.