O Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), lidera às prévias para ser o candidato do partido nas eleições presidenciais de 2022, de acordo com relatório publicado nesta quinta-feira (23) pelo Eurasia Group.
Com isso, o tucano venceria João Doria, que também disputa a tão sonhada vaga do partido. De acordo com a análise, Leite avança para ter maioria nos estados, enquanto o Governador de São Paulo deve ganhar maior número em seu estado.
Membros do partido acreditam que Leite está melhor posicionado na briga contra o atual presidente Jair Bolsonaro. O Governador do Rio Grande do Sul aparece melhor nas pesquisas, frente ao seu concorrente interno, e pode se tornar o representante da terceira via, principalmente com uma deterioração econômica do atual governo.
O relatório aponta uma perda de apoio para Bolsonaro, aumentando a chance de um candidato de centro rivalizar com o atual presidente para chegar ao 2º turno e disputar contra o ex-presidente Lula – que lidera às pesquisas.
Apesar de outros partidos já se movimentarem, como o PDT que tem Ciro Gomes como o escolhido, o grande marco, para o relatório, será a escolha do PSDB nas prévias de novembro. Antes da vitória de Bolsonaro em 2018, o partido foi o grande rival do PT desde Fernando Henrique Cardoso no final dos anos 90. No entanto, no último pleito, os tucanos tiveram apenas 5% dos votos no primeiro turno.
PRIMÁRIAS
Está será a primeira vez que o PSDB realizará primárias presidenciais. Serão cinco debates entre os candidatos a partir de 18 de outubro, com a votação marcada para 21 de novembro. Caso necessite de um segundo turno, a votação irá ocorrer em 28 de novembro entre os dois que tiveram mais votos. Além de Leite e Doria, os senadores Tasso Jereissati e Arthur Virgilio também registraram suas candidaturas.
Mesmo que Doria tenha o apoio do principal estado do país, as consultas do Eurasia Group apontam que Leite segue com vantagem, pois ele não só se aproximou de acordos com os demais estados, como também conta com o receio de líderes partidários quanto ao estilo de Doria, tendo Leite como o mais adequado para rivalizar com Bolsonaro.
De acordo com o estatuto do partido, o colégio eleitoral do PSDB está dividido entre quatro grupos, no qual todos os votos terão o mesmo peso.: 1 – Filiados; 2 – Prefeitos e vice-prefeitos; 3 – Vereadores, Deputados Estaduais e Distritais; 4 – Governadores, Vice-Governadores, Ex-Presidentes e o atual Presidente da Comissão Executiva Nacional do PSDB, Senadores e Deputados Federais.
Estima-se que Leite tem o aval de 20 dos 27 estados. Se o apoio for realmente convertido em votos, ele será o grande vencedor das primárias em novembro, tornando-se o candidato do PSDB para o pleito presidencial.
Outro ponto positivo para Leite é que o apoio paulista a Doria não é homogêneo. De acordo com fontes, o Governador de São Paulo teria cerca de 80% dos votos entre os filiados no estado, enquanto ele poderia perder votos entre os representantes eleitos a nível estadual.
Para Leite, joga a favor o seu equilíbrio que o tornaria um candidato mais adequado para disputar contra Bolsonaro. Já para Doria, o grande destaque fica pela sua atuação na vacinação contra a Covid-19.
Doria ascendeu muito rápido em São Paulo, se tornando prefeito da capital e, em seguida, governador do estado. No entanto, isso acabou gerando algumas cicatrizes dentro do partido. Já Leite conta com uma abordagem mais conciliadora a seu favor. No Rio Grande do Sul fez alianças na assembleia estadual para passar reformas e privatizações.
O relatório também aponta que Leite ganhou pontos ao tomar uma “atitude corajosa ao se assumir gay em rede nacional”. Sua boa relação com partidos como MDB e DEM também joga a favor, podendo aumentar a capacidade do PSDB de negociar uma coligação maior na corrida presidencial.
PESQUISAS
Atualmente, Leite aparece nas pesquisas com 2% a 4%. No entanto, ele tem margem de crescimento, já que 60% do eleitorado ainda não o conhece, segundo o Genial/Quaest. Líderes do partido o enxergam como a nova cara na política brasileira.
QUERIDO NO MERCADO
Apesar da grande possibilidade de termos uma eleição polarizada entre Lula e Bolsonaro, Leite é muito querido pelo mercado. Caso seja o candidato tucano, espera-se que um centrista como ele possa crescer entre investidores institucionais.
Outro apoio que o mesmo ganharia seria da mídia. Espera-se que a imprensa cubra extensivamente os eventos relacionados às primárias do partido, sendo, inclusive, televisionado, o que pode aumentar o nome de Leite pelo Brasil, que o empurraria para quase 10% nas pesquisas.
DISPUTA NO 2º TURNO
Dificilmente o ex-presidente Lula ficará de fora da disputa. Então, o esperado é que Bolsonaro perca força ao longo do tempo, principalmente pelo cenário socioeconômico que tem derrubado sua aprovação.
Ainda assim, Bolsonaro consegue manter seus 30%, tornando muito difícil uma ascensão da terceira via. O cenário mais provável apontado pelo Eurasia Group é de que o atual presidente conseguirá recuperar seu prestígio, fomentando uma eleição polarizada com o petista.
Essas chances poderiam cair em meio a uma deterioração da perspectiva econômica, principalmente com o país enfrentando uma escassez de energia no final deste ano e início do próximo. Caso às chuvas de novembro não cheguem, o Brasil terá que passar por um racionamento de energia, o que abriria espaço para uma terceira via mais forte.