Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, confirmou que estará no Senado no próximo dia 25 para responder questionamentos sobre um acordo de leniência do seu antecessor e a respeito das chamadas “contas-bolsão” usadas pelo crime organizado.

O anúncio da confirmação dada por Galípolo foi feito pelo presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Renan Calheiros, no início da reunião desta quarta-feira (5).

A comissão iria votar nesta quarta dois requerimentos de convocação do presidente do BC, mas como ele acertou um dia para sua ida no colegiado, Renan Calheiros retirou os pedidos da pauta.

“Galípolo virá à Comissão para explicar as nebulosas contas-bolsão utilizadas pelas fintechs junto ao crime organizado e explicar também a nebulosa leniência feita pelo Banco Central com o seu presidente anterior, Roberto Campos Neto”, disse Renan Calheiros.

Contas-bolsão são contas bancárias únicas abertas por fintechs em um banco tradicional para centralizar e movimentar dinheiro de um grupo de clientes, como se fosse um cofre comum.

Para o banco em que a conta-bolsão foi aberta, o titular da conta é apenas a fintech que a abriu.

Esse tipo de mecanismo, de conta-bolsão, dificulta a identificação, de forma individualizada, da origem e o rastreio dos recursos movimentados.

Galípolo terá que explicar brechas das contas-bolsão

Uma conta-bolsão foi utilizada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para lavar dinheiro do crime organizado.

Os criminosos se aproveitam da brecha que não prevê a comunicação às autoridades de controle dos nomes dos clientes da conta-bolsão e dos valores que são movimentados.

Na megaoperação Carbono Oculto, realizada em agosto deste ano e com foco no setor de combustíveis, foi identificado o uso da fintech BK Bank para operações com dinheiro ilícito em contas-bolsão.

De acordo com a Receita Federal, no período de cinco anos, os bandidos movimentaram R$ 46 bilhões somente nesta fintech.

Para combater o uso das contas-bolsão de forma irregular, o Banco Central publicou uma resolução na última segunda (3), com normas que entrarão em vigor em 1º de dezembro.

Pelas novas regras, as instituições deverão estabelecer critérios próprios para identificar irregularidades nas contas-bolsão. Para isso, poderão utilizar dados armazenados em bases públicas ou privadas.

Além de falar sobre as contas-bolsão, o presidente do Banco Central também dará explicações aos senadores sobre o acordo de leniência assinado por Roberto Campos Neto.

Em junho, Campos Neto assinou um acordo para pagar à autoridade monetária R$ 300 mil por um caso envolvendo falha em controle de operações de câmbio do Santander na época em que era funcionário do banco.