O governo brasileiro estima que 35,9% de suas exportações aos EUA, em valores, serão atingidas pela nova tarifa de 50% anunciada pela administração de Donald Trump, disseram duas fontes com conhecimento direto do assunto à Reuters.
O MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), que conduz as negociações com Washington, deve divulgar oficialmente os dados ainda nesta quinta-feira (31).
A decisão de Trump, tomada na quarta-feira, impõe uma tarifa adicional de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros, sob o argumento de retaliar o que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Apesar da retórica, a medida suavizou impactos ao poupar setores estratégicos, como o de aeronaves, energia e suco de laranja, das tarifas mais elevadas.
Segundo as fontes, além dos 35,9% das exportações atingidas pela tarifa máxima, outros 44,6% ficarão sujeitos à tarifa anterior de 10%.
Já os 19,5% restantes serão enquadrados em faixas tarifárias que os EUA aplicam globalmente, variando entre 25% e 50%.
“As negociações continuarão na tentativa de remover os 35,9% (da faixa tarifária mais alta)”, disse uma das fontes.
Procurado, o MDIC não respondeu de imediato ao pedido de comentário da Reuters.
FMI vê risco de desaceleração com tarifas no Brasil
Próximo a vigência do tarifaço imposto pelo Donald Trump, presidente dos EUA, sobre os produtos brasileiros, o FMI (Fundo Monetário Internacional) analisa que essas tarifas poderiam causar uma desaceleração econômica significativa do que a projeção feita pelo Brasil.
Petya Koeva-Brooks, Diretora Adjunta do Departamento de Pesquisa do FMI, observou que algumas tarifas, sobretudo, sobre produtos de aço e alumínio, já estão afetando a economia brasileira e foram consideradas na última previsão do fundo.
“Nossa avaliação preliminar é que isso levaria a uma desaceleração mais acentuada na atividade do que estamos projetando atualmente”, disse Koeva-Brooks durante uma coletiva de imprensa na terça-feira no lançamento da atualização do Panorama Econômico Mundial.
O FMI atualmente prevê que a economia brasileira crescerá 2,3% em 2025, inferior da expansão de 3,4% registrada no ano passado.
Os produtos que estariam sujeitos a essas tarifas adicionais devem representar aproximadamente 1,1-1,4 pontos percentuais do PIB (Produto Interno Bruto), segundo a diretora adjunta.