Cenário nebuloso

Governo Lula finaliza plano para reduzir efeito do tarifaço

Com os canais de negociação travados junto à Casa Branca, governo Lula prepara resposta ao tarifaço programado para começar em 1º de agosto

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nesta semana que pode terminar com a entrada em vigor do aumento para 50% nas taxas cobradas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, o governo Lula ainda tenta estabelecer canais de diálogo com a Casa Branca, mas ao mesmo tempo já finaliza um plano de contingência para abrandar os impactos econômicos junto ao setor produtivo do país.

Apesar de a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não prever qualquer reunião nesta segunda-feira (28) sobre este tema, os próximos dias devem ser dedicados à aprovação deste plano.

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o plano está sendo elaborado em conjunto pela sua pasta e os ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

A proposta do governo deve passar por discussões junto ao presidente Lula, que decidirá quando ela será apresentada à sociedade.

Lula deve bater o martelo sobre plano

A medida deve incluir um pacote de crédito subsidiado, compras públicas de produtos afetados e um fundo privado temporário para auxiliar empresas afetadas pelo tarifaço.

De acordo com o ministro Fernando Haddad, os trabalhos técnicos já haviam sido concluídos e o plano agora estaria em fase de avaliação política.

Membros da equipe econômica afirmam que o plano de contingência vem sendo elaborado com foco na manutenção de empregos e no alívio financeiro dos setores mais vulneráveis.

As principais medidas devem incluir os seguintes tópicos:

  • Linhas de crédito com juros subsidiados;
  • Compras públicas para absorver estoques que não puderem ser redirecionados;
  • Utilização de um fundo privado temporário de apoio emergencial;
  • Exigência de contrapartidas sociais, como preservação de empregos.

Impacto maior para pequeno exportador

Pelas contas do governo, mais de 10 mil empresas brasileiras devem ser afetadas pelo tarifaço, que irá atingir produtos industrializados, agrícolas e minerais.

O impacto do tarifaço pode ser particularmente severo para os pequenos exportadores, que têm menos estrutura para buscar novos mercados em curto prazo.

Sobre as negociações com o governo dos Estados Unidos, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços afirmou neste domingo (27) que o governo “continua e seguirá aberto” para dialogar, mas que a soberania do Brasil e o Estado democrático de Direito são “inegociáveis”.

Em nota, a pasta chefiada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse que as conversas com os norte-americanos, por orientação de Lula, são feitas “com base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica”.