Política

“Governo não trabalha com perspectiva de recessão”, diz Haddad

Apesar de queda do PIB no 4T22, Fernando Haddad está otimista com desempenho da economia

Após o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil apresentar queda de 0,2% no quatro trimestre  de 2022, apesar de ter avançado 2,9% no ano, o ministro da Economia Fernando Haddad não acredita em uma estagnação.

“Não estamos trabalhando com perspectiva de recessão”, disse Haddad nesta quinta-feira (2), ao comentar os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O ministro voltou a criticar a elevada taxa de juros no país, que hoje está em 13,75% ao ano (Selic). Para Haddad, o fraco desempenho do PIB brasileiro no final do ano se deve aos juros altos e a medidas fiscais adotadas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“É evidente que houve uma reação do BC às atitudes do governo anterior do período eleitoral, o que ensejou o aumento da taxa de juros. Tudo o que nós estamos fazendo agora é reverter esse quadro para que, com uma eventual queda da taxa de juros, o Brasil possa retomar uma curva ascendente”, argumentou Haddad.

Números do PIB

Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 9,9 trilhões em 2022, sendo que R$ 2,6 trilhões do quarto trimestre. O PIB per capita também teve uma alta real de 2,2% ante o ano anterior, registrando R$ 46.154,60 em 2022.

Em comparação com o ano anterior, em 2021 o PIB cresceu 5%. O bom desempenho de 2021, segundo analistas, se deve ao fato de que a comparação foi feita em relação a 2020, ano da pandemia de Covid-19 em que houve uma crise na economia mundial.

Já a queda do último trimestre demonstra uma perda de fôlego no fim do ano. No primeiro trimestre de 2022, houve um avanço de 0,67%, enquanto o segundo trimestre apresentou uma alta de 1,29% e o terceiro trimestre de 1,63%. Ainda assim, o quarto trimestre do ano passado, se comparado com o mesmo período de 2021, demonstra uma alta de 1,9%.

“Harmonização”

O ministro voltou a destacar a importância de “harmonizar” as políticas monetária e fiscal, para que a população mais vulnerável seja poupada da desaceleração da economia. “Temos a oportunidade de resolver o quadro neste ano, sem prejudicar a população de menor renda”, disse.

Conforme declarações recentes de Haddad, a harmonização ocorreria da seguinte forma. Os ministérios da Fazenda e do Planejamento tomam medidas para elevar a arrecadação. Em troca, o BC anuncia a possibilidade de começar a reduzir a Selic nos próximos meses. O envio do novo marco fiscal e da reforma tributária ao Congresso também ajudariam nessa missão.