Planário da Câmara dos Deputados (Foto: Reprodução)
Planário da Câmara dos Deputados (Foto: Reprodução)

Em uma nova manobra legislativa, o governo decidiu aproveitar o Projeto de Lei 458/2021, originalmente voltado à regularização de imóveis, para incluir trechos de conteúdo fiscal e orçamentário que haviam sido propostos em uma Medida Provisória alternativa ao IOF, expirada no início de outubro.

A estratégia substitui o texto anterior, que tratava de crimes hediondos ligados à adulteração de bebidas e alimentos, e dá nova função ao projeto, agora transformado em um veículo para o chamado “jabuti fiscal”.

O relatório do deputado Juscelino Filho (União-MA) acrescentou ainda dispositivos inéditos, como a autorização para que trabalhadores que optaram pelo saque-aniversário do FGTS possam usar o saldo como garantia em operações de crédito.

Manobra para evitar inconstitucionalidade

Fontes da equipe econômica explicam que o Ministério da Fazenda optou por essa alternativa após desistir de enviar uma nova MP, temendo questionamentos sobre sua constitucionalidade.

As medidas agora incorporadas ao PL 458 incluem limites para despesas de acordo com a dotação orçamentária, restrições a compensações tributárias e ajustes financeiros entre regimes previdenciários — pontos que o governo considera essenciais para reforçar o caixa e conter gastos obrigatórios.

O texto deve ser analisado pelo Plenário da Câmara ainda nesta quarta-feira (29). A expectativa no governo é de que a aprovação evite um bloqueio orçamentário de pelo menos R$ 2,5 bilhões no relatório bimestral de receitas e despesas previsto para 22 de novembro.

A MP que havia sido apelidada de “alternativa ao IOF” previa novas regras para o pagamento do seguro-defeso, vinculando o benefício à dotação orçamentária disponível.

Com a perda de validade da medida, o pagamento volta a ser integral, sem controle adicional — o que, segundo técnicos da Fazenda, pode gerar impacto extra de cerca de R$ 2,5 bilhões nas contas de 2025.