O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mencionou os desafios de administrar o Brasil, chamando-o de “um negócio difícil de administrar” e uma “encrenca”. A fala ocorreu durante um evento sobre empreendedorismo em São Paulo, no último sábado (15).
“Quando vamos pra Brasília, não vamos dialogar, vamos nos defender. Você fica o tempo todo apreensivo. Por que essa espuma toda para criar cizânia na sociedade? Por que não focamos no que vai mudar pra melhor a vida das pessoas?”
O chefe da pasta participou de um painel com o ex-banqueiro e empresário Eduardo Moura, fundador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), responsável pelo evento, e o jornalista Leandro Demori.
Haddad também expressou preocupação com a falta de diálogo entre o governo e o Legislativo, especialmente diante das recentes derrotas no Congresso. “Foi um período muito rico, de aprender a respeitar as pessoas”, disse.
O ministro destacou que, em certas ocasiões, indivíduos em cargos de autoridade não tomam decisões benéficas para o país e que lidar com essa realidade é o aspecto mais desafiador da vida pública.
Haddad enfatizou que sua posição no Estado é de responsabilidade, não de exercício de poder.
Ao relembrar sua trajetória profissional e suas raízes no empreendedorismo, Haddad mencionou que não trocaria seus 18 anos de experiência trabalhando na loja de seu pai na rua 25 de Março, um centro comercial popular em São Paulo, pelos diplomas conquistados em Economia, Filosofia e Direito na USP.
“Nunca vi país que deu certo sem um projeto coletivo”, afirmou, acrescentando que o Brasil não está condenado a ser uma nação de porte médio, mas que pode ser “grande”.
Durante o evento na sexta-feira, o ministro Márcio França, responsável pelo Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, anunciou sua intenção de alterar as faixas de tributação para os microempreendedores individuais (MEIs) até agosto.
O ministro propôs a criação de uma faixa intermediária para os MEIs que têm faturamento entre R$ 81 mil, o limite atual, e R$ 102 mil.
Haddad não mencionou essa proposta em seu discurso e não concedeu entrevistas à imprensa após o painel em que participou.