'Seriedade não exige subserviência'

Lula cobra respeito de Trump próximo a tarifaço na sexta

O presidente da República disse em entrevista ao The New York Times que o Brasil não negociará com os EUA ‘como se fosse um país pequeno’

Foto: Ricardo Stuckert/ Planalto e Reprodução/ Facebook/ Donald Trump
Foto: Ricardo Stuckert/ Planalto e Reprodução/ Facebook/ Donald Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista ao jornal The New York Times, que espera ser tratado com respeito por Donald Trump e acusou o político republicano de ignorar as tentativas de diálogo feitas pelo Brasil. As declarações foram divulgadas nesta quarta-feira (30) em primeira entrevista de Lula ao jornal americano após 13 anos.

“Tenha certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência”, disse Lula ao jornal. “Eu trato todos com grande respeito. Mas quero ser tratado com respeito”, cobrou o brasileiro.

A cobrança surge meio ao anúncio de Trump sobre tarifas de 50% sobre importação de produtos brasileiros.

Trump assina ordem para tarifa de 50% ao Brasil

O presidente dos EUADonald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto executivo que oficializa a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros.

No documento, Trump cita que a ordem é justificada por uma “emergência nacional” em razão das políticas e ações “incomuns” e “extraordinárias” do governo brasileiro que prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão dos cidadãos dos EUA e a política externa e a economia do país, de modo geral.

Trump também cita como justificativa para a medida o que considera como “perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado” contra o antigo aliado e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Petróleo, suco de laranja e aviões são isentos do tarifaço

Em anúncio oficial sobre os produtos exportados aos EUA divulgado pela Casa Branca, nesta quarta-feira (30), petróleolaranja aviões escapam do tarifaço e serão isentos de tarifas.

Embraer (EMBR3) apresentou alta de 10% em seus papéis no momento exato do anúncio de isenção tarifária. Especialistas do banco Santander (SANB11) analisam que a fabricante brasileira de aeronaves seria a mais exposta às tarifas do presidente americano. Os analistas do banco calculam que 60% das receitas da companhia em 2024 vieram de exportações para os EUA. Desse total, 26% são de bens produzidos no território brasileiro e vendidos no mercado americano.

Além dos já citados, também foram poupados do tarifaço: celulose, carvão, aço e seus subprodutos. Castanhas de origem nacional e outros itens também não sofrerão com a alíquota mais elevada.

Contudo, desde junho, todo aço que entra nos Estados Unidos já é tarifado com uma alíquota global de 50%. Logo após o Canadá, o Brasil figura como o segundo maior exportador de “aço e ferro” aos norte-americanos.

Produtos como carne, café e frutas, fortemente exportados aos EUA, não apareceram na lista.