
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu neste domingo (26) por cerca de 50 minutos com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia.
Foi o primeiro encontro formal entre os dois presidentes desde que o governo Trump impôs o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros.
Em postagem nas suas redes sociais, Lula disse que a reunião foi “ótima” e acrescentou que as negociações continuam “imediatamente” para buscar soluções para o tarifaço e também para sanções contra autoridades brasileiras impostas por Trump.
Nas primeiras declarações após o encontro, o chanceler brasileiro Mauro Vieira detalhou que as conversas continuam ainda neste domingo entre as duas equipes para uma possível suspensão da tarifa de 50%.
“Os dois presidentes tiveram uma conversa muito descontraída, alegre até. O presidente Trump declarou admirar o perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, tendo sido perseguido no Brasil e tendo se recuperado, provado a sua inocência e voltado a se apresentar e vitoriosamente conquistado o seu terceiro mandato”, disse Vieira.
Numa rápida conversa com jornalistas antes do início da reunião, Trump disse ser “uma honra estar com o presidente do Brasil”.
“Acredito que seremos capazes de fazer ótimos acordos para os dois países”, disse ele.
Lula fala em “boas notícias” após encontro
Já Lula, também nessa conversa prévia, afirmou que haverá “boas notícias” após a reunião.
“O Brasil tem todo o interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos, não há nenhuma razão para qualquer desavença entre os dois países”, disse ele.
“Na hora em que dois presidentes se sentam e cada um coloca o seu ponto de vista, os seus problemas, a tendência é encaminhar um acordo”, complementou Lula.
O presidente do Brasil ainda disse que tinha uma longa pauta de assuntos que gostaria de discutir com Trump.
O presidente dos EUA afirmou que ele e Lula “chegarão a uma conclusão rapidamente”.
Ao ser questionado sobre se a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seria assunto da reunião, Trump não confirmou nem descartou essa possibilidade.
“Eu sempre gostei do Bolsonaro. Me senti mal com o que aconteceu com ele. Ele está passando por muita coisa”, comentou ele.
Sanções a autoridades foi tema da conversa
Depois do encontro, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Rosa, disse que a questão de Bolsonaro não foi discutida diretamente, mas que Lula abordou as sanções contra autoridades brasileiras.
A reunião entre Trump e Lula acontece durante a participação dos dois líderes na 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Durante a semana, os dois governos trataram o encontro com cautela.
Até as últimas horas, nem o Palácio do Planalto e nem a Casa Branca haviam confirmado oficialmente a reunião, embora os líderes tivessem deixado a agenda livre antes do jantar oferecido pelo primeiro-ministro da Malásia.
A conversa aconteceu em Kuala Lumpur no período da tarde (de madrugada no horário de Brasília).
O encontro foi articulado ao longo de semanas por assessores dos dois governos, desde o breve cumprimento entre Lula e Trump em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Na ocasião, o americano afirmou que houve “química excelente” com o brasileiro e indicou estar disposto a fazer uma reunião bilateral.
O principal objetivo do encontro era tentar destravar o impasse comercial e reduzir as tensões criadas pelas sobretaxas impostas por Washington.
Nesta segunda (27), Lula faz 80 anos. Trump completou 79 anos em junho. A semelhança nas idades foi usada pelo brasileiro para quebrar gelo no encontro.
A viagem de Lula para o Sudeste Asiático, com passagem pela Indonésia e Malásia, faz parte de uma estratégia brasileira de diversificação de rotas comerciais, em busca de caminhos alternativos diante da deterioração nas relações com Washington.
A delegação brasileira inclui ministros de áreas estratégicas, como Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).
Também acompanham Lula o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.