Em meio à pressões do mercado

Ninguém no mercado tem mais responsabilidade fiscal do que eu, diz Lula

O presidente afirmou que os temores do mercado, como a valorização do dólar e a queda das ações, são apenas “bobagem”

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva fala durante entrevista coletiva após cirurgia no hsopital Sírio-Libanês (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva fala durante entrevista coletiva após cirurgia no hsopital Sírio-Libanês (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (15) que, embora o pacote de corte de gastos tenha sido elaborado pela sua equipe econômica, a decisão final sobre o texto cabe ao Congresso. Lula afirmou que os temores do mercado, como a valorização do dólar e a queda das ações, são apenas “bobagem”.  

Entre os principais pontos do pacote, está a proposta de vincular o reajuste do salário mínimo às regras do arcabouço fiscal, com um limite de crescimento das despesas entre 0,6% e 2,5% ao ano.

Além disso, o governo planeja revisar as condições do abono salarial, com uma transição gradual para beneficiar apenas aqueles que recebem até 1,5 salário mínimo.  

“Não é a primeira vez que eu sou presidente”, afirmou, em entrevista ao Fantástico, da rede Globo. “Ninguém neste país, ninguém, do mercado, tem mais responsabilidade fiscal do que eu.”

Pouca chance de mudanças mais rígidas no Congresso

Apesar das críticas ao pacote econômico e das pressões do mercado, aliados do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não acreditam que o Congresso faça alterações significativas no texto.

Muitas propostas sugeridas, como o aperto nos gastos com saúde e educação ou restrições ao acesso a benefícios sociais, são vistas como pouco viáveis no cenário legislativo atual.  

Lula, que recebeu alta do hospital e retornou à sua residência em São Paulo, deverá permanecer na cidade até quinta-feira (19) para realizar uma tomografia, após passar por uma cirurgia de emergência na semana passada devido a um sangramento intracraniano. Depois desse período, é esperado que ele viaje para Brasília.  

Lula critica taxa de juros e aposta em arrecadação tributária

Para Lula, o debate sobre gastos públicos não deve ser uma preocupação do mercado, pois, segundo ele, os possíveis excessos seriam pagos pela população mais pobre.

O presidente também criticou a elevada taxa de juros, ressaltando que esse é um dos problemas centrais do país.  

No dia 11, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a Selic em um ponto percentual, passando de 11,25% para 12,25% ao ano. Lula, por sua vez, defendeu a reforma tributária, que retorna à Câmara esta semana após passar pelo Senado com modificações.

Ele pretende conversar com Haddad assim que voltar a Brasília para alinhar os próximos passos do governo.  

Além disso, Lula acredita que o aumento da arrecadação de impostos, apenas por meio de tributos já previstos em lei, será suficiente para financiar os investimentos necessários para o país.