
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta sexta-feira (11) que avalia intervir na Enel após novo apagão causado por fortes ventos na região metropolitana. Segundo ele, a atuação da empresa no restabelecimento do serviço tem sido “absolutamente insuficiente”, e a normalização completa da rede pode levar ainda alguns dias.
Em evento de entrega de moradias em Carapicuíba, Tarcísio ressaltou que os maiores atrasos na recomposição do fornecimento ocorreram nas áreas atendidas pela Enel. De acordo com o governador, a concessionária apresenta desempenho inferior ao de outras distribuidoras quando enfrenta eventos climáticos extremos.
Cobrança à Aneel e possibilidade de intervenção
Tarcísio afirmou que o governo paulista vem encaminhando relatórios técnicos e ofícios à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), órgão responsável pela fiscalização do contrato. Ele ressaltou, porém, que o Estado não possui instrumentos regulatórios diretos para impor mudanças à concessionária, atribuição que cabe à agência reguladora.
A discussão sobre uma eventual intervenção ganhou força após recomendação da área técnica do TCU (Tribunal de Contas da União), feita no início do mês, para que a Aneel elabore estudos sobre riscos, impactos e consequências dessa medida. Para o governador, a intervenção poderia ser uma alternativa à caducidade do contrato, desde que seja financeiramente viável e voltada a acelerar investimentos na modernização da rede elétrica.
Críticas à politização e modelo de concessão
O governador rebateu críticas de que estaria politizando o tema. Ele citou declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que acusou autoridades paulistas de adotarem um discurso populista. Segundo Tarcísio, o problema é recorrente e afeta diretamente a população, que enfrenta longos períodos sem energia após temporais, com baixa previsibilidade de restabelecimento.
Tarcísio também voltou a criticar o modelo atual de concessão da Enel em São Paulo. Na avaliação dele, a extensão da área atendida justificaria a divisão do contrato em duas partes, o que facilitaria a fiscalização e a cobrança por melhorias. O contrato da distribuidora vence em 2028. A empresa tentou antecipar a renovação, mas o processo foi barrado pela Justiça paulista.
Prefeitura reforça críticas à concessionária
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também criticou a atuação da Enel. Em entrevista à CBN, afirmou que a falta de equipes suficientes tem dificultado tanto o restabelecimento da energia quanto a retirada de árvores caídas na capital.
Nunes contestou os números divulgados pela concessionária sobre o efetivo em campo. Segundo ele, apesar de a Enel informar a atuação de cerca de 1,5 mil equipes, o cruzamento de dados do sistema SmartSampa identificou menos de 40 veículos circulando na cidade em um único dia. A prefeitura informou que notificou formalmente a Enel e a Aneel por meio da Procuradoria-Geral do Município.