Política

Haddad: nota do Copom podia ser mais generosa com governo

Ao citar incertezas fiscais existentes, Haddad fez referência ao que chamou de “legado do governo anterior”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda-feira (6), que o Banco Central “poderia ter sido mais generoso” com o governo no comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária), que sinalizou incertezas fiscais. De acordo com o chefe da pasta, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva herdou uma “situação fiscal delicada” do governo Jair Bolsonaro.

“Nós não vamos em 30 dias de governo resolver um passivo de R$ 300 bilhões que foi herdado do governo anterior. Mas o nosso compromisso é com o equilíbrio das contas e anunciei no dia 2 de janeiro o que vamos perseguir por resultados melhores. E nesse particular eu penso que a nota do Copom poderia ser mais generosa com as medidas que já tomamos”, afirmou Haddad, segundo o “Infomoney”. 

Ainda de acordo com o petista, ao citar incertezas fiscais existentes, fazia referência ao que chamou de “legado do governo anterior”. ““Eu creio que o que Banco Central disse faz mais referência ao legado do governo anterior do que as providências que estão sendo tomadas por esse governo”, apontou. 

“Vamos falar das medidas tomadas no primeiro dia de governo revogando a irresponsabilidade dos 10 últimos dias do governo anterior que tomou cinco medidas desonerando uma série de setores e prejudicando a arrecadação do primeiro ano do governo Lula. Existe uma situação fiscal que inspira cuidados, mas isso é uma herança que temos que administrar”, completou.

Haddad pede voto de confiança a banqueiros em visita a Febraban

O ministro pediu um voto de confiança aos banqueiros na condução da política econômica e da questão fiscal. O pedido foi realizado em visita do ex-governador de São Paulo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), na capital paulista. 

De acordo com o relato de participantes, Haddad afirmou que houve muito ruído nesse primeiro mês de governo, disse que grande parte do diagnóstico dos problemas está concluída e reiterou que pretende mandar ao Congresso até o fim de abril a proposta do novo arcabouço fiscal.

Apesar de não detalhar como serão as novas regras para os gastos públicos, Haddad afirmou que a equipe econômica está buscando um desenho que possa se mostrar “crível e exequível”, de acordo com um executivo que esteve no encontro, segundo o “Valor”.

O café da manhã promovido pela Febraban reuniu os três ministros da área econômica – além de Haddad, participaram Simone Tebet, do Planejamento, e Esther Dweck, da Gestão e Inovação Pública. Também estiveram presentes o titular da Agricultura, Carlos Fávaro e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Ainda de acordo com a publicação, dirigentes e presidentes dos maiores bancos do país aproveitaram a ocasião para cobrar previsibilidade nos rumos da economia e segurança jurídica.