O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (27) que sugeriu que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), indicasse o nome do futuro presidente do BC (Banco Central) entre agosto e setembro. Isto depois de ter conversado com o atual presidente do banco, Roberto Campos Neto, sobre o tema.
Haddad disse, durante evento promovido pelo banco Santander, que não poderia dar uma data para o anúncio. Porém reforçou que Lula vai avaliar “com generosidade” a recomendação, pois já está com a informação.
“Eu cumpri uma formalidade que me parece mais do que um gesto de educação, que foi conversar com Roberto Campos Neto sobre isso, e nós dois chegamos à conclusão, que foi levada ao presidente Lula, de que agosto seria um bom mês de anúncio para que houvesse prazo de transição”, disse.
“Entre agosto e setembro, para ser bem honesto com o que foi dito (…) Penso que o presidente está com essa informação fresca na cabeça para considerar a possibilidade de um anúncio em breve”, prosseguiu Haddad.
O governo previa a indicação ao comando do BC ainda em agosto, com planos de que o Senado fizesse a sabatina e a votação do nome sugerido ainda na primeira semana do mês seguinte, pois no período a Casa concentra esforços, no entanto os senadores têm resistido à ideia, segundo o “InfoMoney”.
Lula teria sugerido a Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, que faria todas as indicações logo, de uma única vez. Mas com a sinalização do senador de que este não seria o melhor momento, por conta das campanhas para as eleições municipais, o presidente da República estaria reavaliando o momento do anúncio, segundo fontes.
Haddad defende revisão do BPC e vê exagero em temor fiscal
A revisão dos gastos com benefícios sociais, como o BPC, tem como objetivo abrir um espaço de R$ 25,9 bilhões no Orçamento de 2025 do governo, que será enviado ao Congresso até o final da próxima semana.
O governo prevê economizar R$ 47 bilhões em quatro anos (2025 a 2028) com um rigoroso pente-fino no programa destinado a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. É o que aponta as informações recentes do Valor.
Mesmo com essa economia, a projeção de despesas com o BPC, excluindo precatórios e sentenças judiciais, deve aumentar de R$ 106,6 bilhões em 2024 para R$ 140,8 bilhões em 2028.
“Fiscal interessa, mas precisamos ver o todo”, defendeu. A fala do ministro ocorreu quando ele comparou o debate fiscal que acontece nos EUA com o daqui do Brasil. Haddad avaliou que há preocupação até menor do que deveria nos EUA, enquanto haveria “exagero aqui”.
Além disso, ele destacou que, no Brasil, há um receio excessivo em relação à questão fiscal.
“Não vejo diagnóstico que aponte erro grave [do governo na questão fiscal]”, defendeu o ministro. Ele citou que a questão tributária, as vezes pouco observada pelos analistas de mercado, é um problema que “está no topo da nossa prioridade”.