O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o mercado financeiro está “sensível no mundo inteiro”, o que tem se refletido em uma valorização global do dólar. Haddad destacou que houve uma valorização “exagerada” da moeda norte-americana no final do ano passado e no início de 2025. Contudo, ele reiterou que espera uma acomodação do dólar ao longo do tempo.
“O mercado está sensível no mundo inteiro. O mundo vive uma situação de grande instabilidade. O dólar está valorizado globalmente”, disse Haddad em entrevista à GloboNews. Ele mencionou, ainda, a desaceleração das economias europeia e chinesa, com destaque para preocupações específicas em relação à Alemanha e aos Estados Unidos.
“Os Estados Unidos elegeram um presidente em que as pessoas [analistas] estão tendo dificuldade de decifrar [os efeitos econômicos]”, comentou o ministro, conforme informações do Valor.
Segundo Haddad, esse “quadro externo mais desafiador” deve impactar a economia brasileira. No entanto, ele assegurou que o governo está atento e agindo de maneira diligente diante dessa situação.
Durante a entrevista, o ministro afirmou que o governo federal não subestima os alertas do Banco Central (BC) sobre questões fiscais, nem as projeções da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) sobre o crescimento da dívida pública. Ele ressaltou que medidas estão sendo tomadas para enfrentar esses desafios.
Eduardo Garay, da TechFX, complementa afirmando que a expectativa de juros altos por mais tempo, combinada com políticas protecionistas, pode manter a moeda forte: “O índice DXY subiu 4% desde o resultado da eleição, refletindo essa perspectiva.”
Política tarifária de Trump favorece dólar
André Valério, economista sênior do Inter, ressalta que a política tarifária de Trump pode desempenhar papel crucial.
“Se implementadas, as promessas de tarifas elevadas tendem a sustentar a alta do dólar, mas o uso da ameaça como barganha adiciona incertezas ao cenário”, disse.
Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, prevê volatilidade inicial. “O histórico de políticas imprevisíveis e tensões comerciais pode gerar movimentos bruscos na cotação da moeda.”