
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (17) que vetará um eventual projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos de prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado.
“Se viesse para eu vetar, pode ficar certo de que eu vetaria”, declarou Lula em entrevista ao Palácio da Alvorada, em meio à pressão de ala bolsonarista no Congresso para que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque a proposta em votação em regime de urgência.
Apesar de reforçar que a decisão sobre a anistia cabe ao Legislativo, Lula disse buscar se afastar do debate:
“O presidente da República não se mete numa coisa do Congresso Nacional. Se os partidos entenderem que é preciso dar anistia, isso é um problema do Congresso”.
Críticas à “PEC da blindagem”
O presidente também criticou a aprovação, pela Câmara, da Proposta de Emenda Constitucional que restringe a abertura de processos criminais contra parlamentares. O texto recebeu votos de diferentes bancadas, inclusive do PT.
“Se eu fosse deputado, votaria contra. Se eu fosse presidente do meu partido, orientaria a votar contra. Aliás, eu votaria para fechar questão e votar contra”, afirmou Lula.
Relação com Trump e ONU
A poucos dias de embarcar para a Assembleia Geral da ONU em Nova York, Lula voltou a criticar a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o tarifaço de 50% imposto a produtos brasileiros.
“Eu não tentei ligar porque ele nunca quis conversar. Mas, se nos encontrarmos, eu vou cumprimentá-lo. Eu sou um cidadão civilizado, estendo a mão para todo mundo”, disse.
Questionado sobre ter associado Trump ao fascismo em 2024, Lula não respondeu diretamente, mas reafirmou que o republicano apoia movimentos antidemocráticos e que seu comportamento é prejudicial à democracia.
Transição energética e COP30
Sobre a realização da COP30 em Belém, em meio à defesa do governo pela exploração de petróleo na Foz do Amazonas, Lula disse apoiar a transição energética, mas ressaltou que o mundo ainda não está preparado para abandonar os combustíveis fósseis.
“Eu quero saber qual é o país do planeta que está preparado para abdicar do combustível fóssil? Esse momento não chegou”, afirmou o presidente.