Encontro Trump-Lula

Lula e Trump devem negociar minerais estratégicos e regulação de big techs

Agenda bilateral deve priorizar comércio; Planalto descarta concessões políticas

Montagem Canva
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia que, do ponto de vista comercial, “tudo está sobre a mesa” na possível negociação com os EUA, incluindo o acesso dos americanos a minerais críticos e a regulação das grandes plataformas digitais.

Já a parte política das reivindicações americanas, que envolveria interferência no Judiciário em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, está fora de cogitação, segundo interlocutores do Planalto.

Lula e Trump conversaram pela primeira vez nesta terça-feira (23), por menos de um minuto, nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Uma reunião bilateral entre os dois deve acontecer nos próximos dias, possivelmente de forma remota.

Na noite da terça-feira (23), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os países devem retomar discussões sobre integração econômica e investimentos.

“Temos termos de acordo que já estavam em processo, envolvendo energia limpa, minerais raros e biocombustíveis, que podem ser retomados”, disse.

No Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a expectativa é que Trump pressione pela pauta das plataformas digitais.

O republicano tem se posicionado contra medidas de moderação de conteúdo, alinhando-se às big techs, que classificam a regulação como censura. O governo Lula recuou recentemente do envio de um projeto de lei com regras de conteúdo ao Congresso e deve limitar a proposta a aspectos econômicos.

Outro ponto de interesse dos EUA é a negociação de minerais estratégicos, como lítio, nióbio e terras raras, usados na transição energética. O Brasil já recebeu sinalizações formais da embaixada americana em Brasília sobre a intenção de fechar acordos no setor.

Em julho, o recado foi transmitido ao Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) pelo encarregado de negócios dos EUA, Gabriel Escobar.

Em entrevista recente, Lula reconheceu a possibilidade de negociar minerais críticos, mas frisou que o tema será tratado como “questão de soberania nacional”.

Segundo ele, parcerias com empresas estrangeiras podem ser feitas, desde que o Brasil mantenha o controle estratégico dos recursos.